Entenda o risco ao investir em CDB de bancos menores

Entenda o risco ao investir em CDB de bancos menoresUma das coisas mais importantes que um investidor deve saber é que não existe retorno sem risco, ou seja, quanto maior (menor) o risco de um determinado investimento, maior (menor) o retorno esperado.

O problema é que, apesar de muitos entenderem a relação risco e retorno, boa parte desses investidores não levam em consideração o risco do investimento no momento de decidir onde aplicar seu dinheiro.

O objetivo deste artigo é explicar o risco existente ao investir em CDB de bancos pequenos, mostrar casos recentes de intervenção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para salvar alguns bancos e explicar como funciona a garantia do FGC para pequenos investidores.

Por que investir em CDB de bancos menores é mais arriscado?

Vou tentar responder essa questão com outra pergunta: se o Banco do Brasil e o (hipotético) Banco XPTO oferecessem um CDB com a mesma rentabilidade, em qual você investiria?

Não tem muito o que pensar: CDB do Banco do Brasil. Até porque não faz sentido investir num CDB de um banco “desconhecido” se existe um banco de grande porte que oferece a mesma rentabilidade. Fácil, não é?

Pronto. Aí reside o primeiro problema dos bancos menores. Para conseguir captar recursos, essas instituições precisam oferecem CDBs com rentabilidade superior aos CDBs dos bancos maiores, para compensar esse risco para o investidor.

E a situação se agrava em momentos de crise financeira. Com medo da crise, a maioria dos investidores resgata seu dinheiro das aplicações mais arriscadas (dentre elas, CDBs de bancos menores) e os bancos pequenos, para continuar captando recursos, têm que oferecer rentabilidades ainda maiores que o habitual.

E é aí que mora outro problema: em plena crise financeira, eles têm que pagar ainda mais caro para captar recursos. E essa bola de neve pode levar até à quebra da instituição, fazendo com que o investidor que ainda estiver com dinheiro aplicado perca muito dinheiro.

Casos recentes

A última grande “quebra” de banco brasileiro foi o Banco Santos. O banco sofreu intervenção do Banco Central em novembro de 2004, por um suposto “rombo” de R$ 700 milhões, e teve sua falência decretada em 20 de setembro de 2005. Após a intervenção, o débito do banco foi recalculado e o BC descobriu que o rombo, na verdade, era superior a R$ 2,2 bilhões.

Mas se engana quem pensa que essa situação foi um caso isolado e que “faz mais de 6 anos que um banco não sofre alguma forma de intervenção”. Dentre os casos mais recentes, certamente o do Banco PanAmericano deve ser o mais conhecido.

Entretanto, pelo menos três outros casos merecem destaque: bancos Morada, Matone e Schahin.

O Banco Morada, por sinal, foi o primeiro banco a ter liquidação decretada pelo BC desde o Banco Santos. E isso ocorreu em outubro deste ano.

Já no caso do Banco Matone, que foi noticiado em março deste ano como uma “fusão” entre ele e o Banco JBS, o que ocorreu na verdade foi um resgate, para que o banco não quebrasse. O FGC emprestou cerca de 850 milhões de reais, o equivalente ao rombo encontrado nas contas do Matone, e o JBS capitalizou o banco com 1 bilhão de reais, para fazer o novo banco funcionar.

Por fim, o Banco Schahin foi comprado pelo Banco BMG por R$ 230 milhões. Mas, na verdade, o banco mineiro BMG foi capitalizado em 1,5 bilhão de reais, principalmente para cobrir o rombo do Banco Schahin, comprado em abril.

Garantia do FGC

No artigo “E se meu banco quebrar?“, expliquei com detalhes como funciona a garantia oferecida pelo FGC. Em poucas palavras, o Fundo garante que, se um determinado banco quebrar, cada cliente receberá o dinheiro que estiver na conta corrente, poupança ou CDB (entre outros) até o limite de R$ 70 mil. Caso o cliente tenha um valor acima desse montante, é perdido.

No entanto, para não ter que salvar uma grande quantidade de clientes em caso de quebras, o FGC tem optado por salvar os bancos, oferecendo crédito para que outros bancos comprem instituições financeiras insolventes.

Pouca gente sabe, mas foi noticiado que o Fundo Garantidor de Crédito já deu mais de R$ 7,5 bilhões para salvar bancos pequenos nos últimos anos. Somados apenas os resgates do Matone e Schahin, chega-se ao montante de R$ 2,35 bilhões.

Conclusão

É preciso ter muita cautela ao optar por investir em CDBs (ou qualquer outra aplicação) de bancos menores. O risco desse investimento é muito maior que investir em títulos públicos ou em CDBs de grandes bancos, por exemplo.

E, se após uma avaliação, você optar por investir nesses CDBs, atente-se ao limite de R$ 70 mil. É importante saber que esse limite é por CPF e por instituição financeira. Isso significa que se você investir R$ 70 mil no Banco A + R$ 70 mil no Banco B + R$ 70 mil no Banco C, terá R$ 210 mil garantido pelo FGC.

Saiba usar essa garantia a seu favor.

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