Qual o título público mais conservador do mercado?

Atualmente temos cinco opções de títulos da dívida pública disponíveis para compra. São eles: Notas do Tesouro Nacional – série B (NTN-B e NTN-B Principal), Letras do Tesouro Nacional (LTN), Notas do Tesouro Nacional – série F (NTN-F) e Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Sabemos que investimento em títulos públicos é de baixo risco, mas, afinal, qual deles é o mais conservador?

O propósito deste artigo é discutir cada um dos títulos existentes do ponto de vista do risco e objetivos de cada um, mostrar as vantagens e desvantagens em ser prefixado ou pós-fixado e indicar qual o título mais conservador.

Qual título escolher?

A simples decisão de adquirir títulos públicos através do Tesouro Direto já é louvável. A maioria dos fundos de renda fixa investem a maior parte do patrimônio em títulos públicos. E cobram bastante por isso através da taxa de administração, principalmente para pequenos valores.

Títulos prefixados (LTN e NTN-F)

Tomada a decisão de investir nesses títulos, faz-se necessário decidir em qual título investir. Quem já investe ou está pensando em investir sabe que inicialmente a primeira opção que pensamos de cara é a LTN. Afinal, ela é a única que apresenta claramente qual será a rentabilidade e possui vencimento mais curto (as NTN-F possuem prazos bem mais longos).

É reconfortante saber que a rentabilidade não dependerá daquela sopa de letrinhas (Selic, IPCA) e que em pouco tempo o dinheiro estará novamente na conta. Isso é muito importante quando estamos fazendo experiências.

Títulos pós-fixados (NTN-B, NTN-B Principal e LFT)

Existem, entretanto, outros objetivos além de, no momento da compra, saber exatamente a rentabilidade nominal (total) que você receberá até a data de vencimento do título.

Se, para você, o mais importante for ter um título que garanta uma rentabilidade real do vencimento, ou seja, acima da variação da inflação, certamente a melhor opção será a NTN-B ou NTN-B Principal.

No entanto, se o foco for um título que possua rentabilidade próxima à taxa básica de juros de economia (taxa SELIC), não há dúvidas que a escolha mais adequada seria a LFT. Essa é a única opção que não oferece pagamento de cupons semestrais.

Qual então seria o mais conservador?

Na minha opinião, o título público mais conservador é aquele que garante uma boa rentabilidade, independente do que acontecer com a economia. Como existem títulos de prazos bem longos (a maioria, por sinal), há a possibilidade de atravessarmos novas crises ou momentos de grande crescimento.

Em ambos os casos, a taxa de inflação e a taxa básica de juros da economia costumam variar bastante. E esses fatores podem prejudicar ou alavancar o retorno de cada um dos títulos.

Se a inflação subir acima do esperado, a rentabilidade real da LTN e NTN-F seria bastante prejudicada, já que a taxa nominal foi prefixada desde o início. Caso contrário, o retorno dos títulos prefixados seria excelente.

Já no caso de atravessarmos uma nova crise, o Banco Central certamente diminuiria a Selic para incentivar, entre outras coisas, o consumo (como fizera em 2008 e 2009). Essa redução afetaria diretamente a rentabilidade da LFT. No caso de momentos de forte crescimento, como o que estamos agora, o BC tende a aumentar a Selic para frear a inflação, beneficiando os investidores dos títulos indexados à Selic.

Em compensação, qualquer que seja o cenário (crise, crescimento, estagnação…), a rentabilidade real dos títulos indexados à inflação (NTN-B e NTN-B Principal) seria sempre mantida. Oferecer taxa de juros acima do IPCA é garantir rentabilidade real no vencimento do título.

Por esse motivo, os títulos públicos indexados à inflação (NTN-B e NTN-B Principal) são os mais conservadores do mercado. Tanto é verdade que os únicos títulos ofertados por mais de 10 anos (longuíssimo prazo) são os indexados ao IPCA. Há títulos, por exemplo, que vencem em 2045. A LFT vai até, no máximo, 2017, e os prefixados vão até 01/01/2021.

Conclusão

Na hora de escolher a melhor opção para você, é importante levar em consideração os objetivos acima mencionados e se há a necessidade do pagamento de juros periódicos ou não, pois você pode precisar do dinheiro eventualmente ou para reaplicar esse fluxo de juros pagos em outros títulos ou em outros investimentos.

Por conta dessas decisões, não é possível definir qual o melhor título público, pois cada um tem suas peculiaridades. Até há um meio de avaliar qual será o título mais rentável, mas isso já foi discutido no artigo “Qual o melhor título público para investir?“.

Por fim, é importante ressaltar que ser o mais conservador não significa, de maneira alguma, que é a melhor opção. Para prazos mais curtos e com uma conjuntura econômica estável, é possível (e até recomendável!) escolher esses títulos baseando-se nas estimativas dos indexadores (IPCA e Selic), compará-los com os prefixados e optar pela melhor opção.

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