Quase todo mundo já ouviu falar sobre a taxa SELIC, sobretudo após a mudança no rendimento da nova poupança, que passou a depender da taxa Selic (70% da taxa Selic + TR).
Além da poupança, a Selic influencia direta – ou indiretamente – em quase tudo em nossa economia. Alterações nessa taxa causam impactos nas taxas de juros, nas taxas de câmbio, nos preços dos ativos, no crédito e também nos investimentos.
O objetivo deste artigo é explicar o que é a taxa Selic e mostrar como ela influencia em quase tudo na nossa economia.
Taxa SELIC
A taxa SELIC é um índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelo mercado se balizam no Brasil. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária.
A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas.
A meta para a taxa SELIC é estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Quem tiver interesse em conhecer a descrição um pouco mais técnica, recomendo uma visita à página da taxa SELIC disponibilizada pela Banco Central.
Comitê de Política Monetária – Copom
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.
A taxa de juros é definida como a meta para a taxa SELIC a vigorar no período entre as reuniões do Copom. O Copom se reúne ordinariamente oito vezes ao ano e extraordinariamente – sempre que necessário – por convocação do presidente do Banco Central.
Histórico da taxa SELIC
Influência da taxa SELIC sobre a economia
O objetivo principal da política monetária é a obtenção e manutenção da estabilidade de preços. Por isso, torna-se importante a adoção pelo Banco Central de uma estratégia que permita antecipar quaisquer pressões inflacionárias futuras.
Os principais canais de transmissão da política monetária são:
- Taxa de juros;
- Taxa de câmbio;
- Expectativas;
- Crédito;
- Preço dos ativos.
Ao afetar essas variáveis, as decisões de política monetária influenciam os níveis de poupança, investimento e gasto de pessoas e empresas, que, por sua vez, afetam a demanda por produtos/serviços, e por último, a taxa de inflação.
1) Taxa de juros
Ao aumentar a taxa nominal de juros de curtíssimo prazo, o aumento se propaga por toda a estrutura.
A elevação da taxa de juros influencia as decisões de investimento, diminuindo-o, o que afeta a demanda agregada. Também afeta a compra de bens duráveis.
Por outro lado, uma queda na taxa de juros estimula a tomada de empréstimos e aumenta a demanda por bens e serviços, o que pode provocar o aumento dos preços (inflação de demanda) se não houver crescimento na oferta de bens e serviços.
2) Taxa de câmbio
Ao elevar a taxa de juros, o Banco Central valoriza a moeda doméstica. Por sua vez, a valorização da taxa de câmbio transmite os efeitos da política monetária de três maneiras distintas, a saber:
- Exerce influência direta sobre o nível de preços através do preço doméstico dos bens comercializáveis internacionalmente, principalmente quando se trata de mercadorias (commodities), caso em que o efeito é muito rápido;
- Exerce efeitos indiretos sobre os preços dos produtos que necessitam de matérias-primas importadas para sua produção;
- Ao valorizar-se, a taxa de câmbio torna os produtos importados mais baratos, deslocando a demanda dos bens domésticos para similares importados, o que diminui a pressão sobre o nível de preços.
3) Expectativas
Quanto à transmissão pelo canal de expectativas, deve-se considerar que, ao alterar a taxa de juros, a ação do Banco Central altera as expectativas dos agentes econômicos quanto à evolução presente e futura da economia.
Ao elevar a taxa de juros de curto prazo para evitar inflação, o BC pode restabelecer a confiança no desempenho futuro da economia e provocar queda nas taxas de juros esperadas para prazos mais longos.
Em caso de recessão, a queda na taxa de juros mostra que o objetivo é aumentar o consumo da população.
4) Crédito
O canal de crédito tem grande importância em países industrializados e pode ser representado pelos empréstimos bancários.
Ao baixar a taxa de juros e aumentar o volume de recursos na economia, o Banco Central permite que os bancos comerciais aumentem seus empréstimos, incentivando gastos com investimentos e consumo.
5) Preço dos ativos
O último canal de transmissão da política monetária atua através de variações na riqueza dos agentes econômicos em virtude das alterações da taxa de juros.
Uma queda eleva o preço das ações, pois estimula o crescimento da economia, o lucro das empresas e o valor dos títulos públicos prefixados. Nessa situação, o aumento do volume de riqueza financeira estimula o nível de consumo.
Dúvidas?
Se você ainda estiver com dúvidas ou quiser compartilhar sua opinião conosco, deixe um comentário.