Nos últimos dias, foi largamente noticiado que a Câmara e o Senado aprovaram a criação do cadastro positivo, no intuito de disponibilizar um banco de dados com bons pagadores para instituições privadas. Apesar de ainda faltar a sanção da presidente Dilma e só então começar a valer, já é de conhecimento geral o funcionamento desse cadastro e também os benefícios (e críticas) quanto a ele.
No entanto, apesar do cadastro positivo, à primeira vista, parecer ser um aliado do consumidor, já há algumas entidades (como o Procon, por exemplo) que vêm pontos negativos. O principal temor é quanto ao uso indevido das informações sobre o consumidor.
O intuito deste artigo, portanto, é explicar o que é o cadastro positivo, como ele deve funcionar e quais as principais vantagens e desvantagens que devem ser analisadas antes de autorizar a inclusão dos seus dados nesse banco de dados.
O que é o cadastro positivo?
O cadastro positivo é uma lista de bons pagadores, através do registro da pontualidade no pagamento de suas contas (crediários, financiamentos e mensalidades de serviços como água, luz e telefone), com o propósito de criar um banco de dados que ficará à disposição de instituições privadas.
O cadastro dos bons pagadores poderá servir de base para transações comerciais, como vendas a prazo e concessões de crédito. Em tese, a medida ajudará a diminuir o custo da concessão de crédito e oferecer juros mais baixos para o consumidor.
Como deve funcionar
Encontrei um ótimo passo-a-passo no G1 que explica de forma bem simples o funcionamento do cadastro positivo. De uma maneira geral, o cadastro deverá ser:
- Os bancos de dados terão registradas as informações sobre o histórico de pagamentos do consumidor (pessoa física ou jurídica).
- Se ele deixar de pagar uma conta por um mês, por exemplo, não sairá do cadastro positivo, mas terá essa informação registrada em seu histórico.
- Para a abertura do cadastro positivo, o consumidor terá de dar autorização por meio de um documento específico ou de uma cláusula à parte em um contrato de financiamento ou compra a prazo, por exemplo.
- As informações incluídas no cadastro devem ser objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão, “necessárias para avaliar a situação econômica do cadastrado”.
- O compartilhamento de informações entre os bancos de dados só será permitido se for autorizado pelo cadastrado em documento específico ou cláusula à parte de um contrato de compra.
- Se quiser, o cadastrado incluído na lista poderá cancelar seu cadastro.
- Os gestores dos bancos de dados serão obrigados a fornecer ao cadastrado todas as informações que houver no cadastro.
- O cadastrado terá direito de saber quais os bancos de dados que compartilharam seus arquivos e quem consultou as informações.
- O prazo de permanência das informações nos bancos de dados é de 15 anos.
- O texto proíbe a anotação de informação considerada excessiva, que não tenha relação com a análise de risco de crédito ao consumidor. Não é permitido que haja no cadastro informações sobre origem étnica, sexual, sobre saúde ou convicções políticas e religiosas.
Vantagens
De acordo com o site do Serasa Experian, esses são alguns benefícios para o consumidor:
- Suas compras a crédito podem ficar mais fáceis, mesmo que você não tenha conta em banco ou comprovante de renda, pois lojas e prestadores de serviços podem analisar suas contas pagas anteriormente e oferecer condições comerciais de acordo com o seu perfil.
- As condições comerciais (taxas de juros, quantidade de parcelas, etc.) poderão ser definidas de acordo com seu histórico de crédito.
- Você poderá ser avaliado de maneira mais justa e completa, considerando pagamentos realizados e não só as dívidas não pagas.
- Seus financiamentos e empréstimos poderão ser aprovados com mais facilidade e menos burocracia.
- Conhecendo sua pontuação de crédito, você pode negociar melhores condições de pagamento.
Desvantagens
Já de acordo com o Procon-SP, há também pontos negativos a serem ressaltados:
- O cadastro positivo não traz benefícios ao consumidor no curto prazo.
- Possibilidade de uso indevido dos dados do consumidor.
- Mercado condicionar a liberação de crédito à inclusão no cadastro positivo, prejudicando bons pagadores que não queiram ser incluídos na base de dados.
Conclusões
Como afirmei no começo do texto, à primeira vista parece algo bem interessante, que pode trazer vantagens para o consumidor no longo prazo. Entretanto as críticas do Procon são bem pertinentes e corremos o risco de ser criado um novo tipo de consumidor: aquele que não está nem no cadastro positivo, nem no negativo. Independente do motivo, esse não terá nenhuma vantagem. E talvez isso seja um problema, já que atualmente todos que não estão no cadastro negativo não sofrem restrições.
Fiquemos atentos e vamos acompanhar de perto o andamento desse processo. Enquanto isso, deixe um comentário e compartilhe conosco a sua opinião!