Quem já avaliou seu automóvel numa concessionária sabe: eles pegam por um preço bem abaixo do valor de mercado. Se o vendedor “melhorou” a avaliação do seu automóvel, não se iluda: ele utilizou uma parte da margem de negociação nisso. A avaliação continua a mesma.
Entretanto uma coisa é certa: se eles avaliam o seu carro por um valor baixo, pode ter certeza que acontece o mesmo com todos os outros clientes. Então quando você vai comprar um carro usado, a pergunta mais importante a ser respondida não é quanto eles estão vendendo o carro, mas quanto eles pagaram pelo carro.
Obviamente nenhum vendedor vai te responder essa pergunta e ele está mais do que certo. Mas existem maneiras de se descobrir isso e saber (pelo menos ter uma ideia) qual o menor preço que eles venderiam o carro. Vou explicar pra vocês como isso pode ser feito e darei dos exemplos reais do funcionamento dessa “técnica”. Sabendo o preço que eles compram o carro, fica razoavelmente fácil de se chegar ao preço final, bastando acrescentar os impostos envolvidos, custos de revisão/manutenção, lucro da concessionária e comissões dos vendedores.
Estratégia para avaliar seu usado
A melhor forma de descobrir quanto uma concessionária pagou por um carro que você esteja interessado é avaliar um carro muito semelhante ao que você quer. Se você tiver um familiar, amigo ou namorado(a) que possua um carro em condições similares ao que você quer comprar, peça para ele avaliar o carro dele. Lembre-se que diversos fatores influenciam na avaliação e esse valor servirá apenas como parâmetro.
Faça os cálculos!
Descoberto o valor (aproximado) que o carro entrou na concessionária, acrescente 3,65% referente a impostos, R$ 1.000 referente a revisão / reserva para manutenções e R$ 2.000 de lucro da concessionária + comissões dos vendedores. Isso te dará um valor muito próximo do mínimo pelo qual eles te venderiam o carro. Darei dois exemplos reais de como esses cálculos funcionaram, entretanto omitirei os carros e identidade dos envolvidos.
Primeiro exemplo
Carro A: a concessionária estava pedindo R$ 42.990,00 pelo automóvel. Ao fazer a avaliação de um automóvel muitíssimo semelhante (mesmo ano e modelo, e estado e quilometragem muito parecidas), constatou-se que o carro deva ter sido adquirido por R$ 31.500,00. Acrescentando 3,65% dos impostos, chegamos ao valor de R$ 32.650. Somando mil reais de reserva para manutenção e dois mil reais de lucro e comissões, chegamos ao valor de R$ 35.650,00.
Feita a proposta de R$ 35.500,00 pelo carro e explicado os motivos por um proposta naquele valor, o vendedor titubeou um pouco, mas em pouco tempo chegou ao valor “mínimo” de R$ 37 mil pelo carro. Apesar de não ter sido o valor ideal, foi um desconto de R$ 6 mil em relação ao valor inicial. Essa negociação não foi fechada.
Segundo exemplo
Carro B: a concessionária estava pedindo R$ 38.900,00 por este carro. Mesma conversa da anterior e descobriu-se que o carro foi comprado por R$ 30.500,00. Mais os 3,65% e 3 mil (valores já explicados anteriormente), chegou ao valor de R$ 34.600,00. A proposta feita foi de R$ 34 mil. Depois de alguma negociação, o valor mínimo do automóvel foi de R$ 34.300,00 com desconto de R$ 4,6 mil em relação ao valor inicialmente pedido. Essa negociação foi fechada.
Não tenha medo de pechinchar!
Tão importante quanto ter uma ideia do preço de compra do carro é saber que o valor pedido está sempre bem acima do valor mínimo e que qualquer “melhora” na avaliação do seu usado ou acessório cedido “gratuitamente” para você está dentro dessa margem. Portanto, quanto mais coisas você “ganhar”, menor será seu desconto. E na imensa maioria das vezes, os valores de acessórios da concessionária são maiores que os mesmos acessórios comprados externamente. Fique atento!
Você sabe quanto custa ter um carro?
Por fim, gosto sempre de mencionar o artigo “Quanto custa ter um carro” que explica quanto você realmente gasta mensalmente para manter um automóvel. É imprescindível ter a exata noção desses valores antes de adquirir um automóvel, sob pena de ter que vendê-lo no primeiro aperto ou pior: ter seu carro tomado pela financeira.