A carteira de investimentos dos candidatos

Apesar da eleição de domingo estar bem encaminhada até mesmo para uma possível conquista de Dilma no primeiro turno, se a forma como cada candidato investe seu patrimônio fosse um dos critérios para eleição, certamente ela estaria em maus lençóis.

Foi divulgado ontem (30) pelo Tribunal Superior Eleitora o patrimônio dos candidatos à presidência da república, detalhando onde cada um investe seu patrimônio. Percebe-se que os candidatos são investidores bem conservadores, que gostam de imóveis e aplicações em renda fixa e praticamente fogem da bolsa, a melhor alternativa de investimento durante o segundo mandato do presidente Lula.

Eymael, o mais rico

Apesar de ser o mais rico, o candidato aparentemente não se preocupa muito com sua carteira de investimentos. Além de créditos de empréstimo a receber no valor de R$ 775 mil, nada muito chamativo em seu patrimônio.

Possui participações em três empresas (165 mil reais no total), duas casas em Parnaíba/SP (160 mil reais, cada uma), dinheiro parado em conta-corrente no Bradesco (567,2 mil), fundo de investimento em ações da Vale (11,3 mil), entre outros.

Plínio, o melhor investidor

Se a eleição no domingo, dia 3, fosse para escolher quem possui a melhor carteira de investimentos, Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL, talvez não amargasse a última posição nas pesquisa de intenção de voto. O octogenário socialista, que tempera a sisudez dos debates eleitorais com comentários irônicos, possui a maior e mais bem diversificada carteira de investimentos entre os presidenciáveis.

Plínio passa longe da mesmisse e aplica R$ 1,7 milhão de seu patrimônio de R$ 2,089 milhões (sem contar carros e dinheiro em conta corrente), em fundos multimercados sofisticados. Atento à diversificação do risco, ele divide seus recursos entre três instituições: a gestora independente Bresser Administração de Recursos e os bancos Credit Suisse Hedging-Griffo e Itaú.

Como recomendado pelos consultores de investimento, Plínio deixa uma quantia (R$ 71,8 mil) em aplicações de baixo risco, como CDBs e caderneta de poupança, para utilização em caso de emergência. A carteira ainda conta com três imóveis, que somam R$ 272.438. E Plínio diversifica as aplicações não apenas entre instituições financeiras e classes de ativos, mas também entre países. O candidato socialista, quem diria, tem uma conta em um banco americano onde estão depositados R$ 45,9 mil.

Dilma, a descuidada

Ruim de voto e bom de investimentos, Plínio é o oposto da candidata do PT, Dilma Rousseff. Favoritíssima ao Planalto, com grandes chances de liquidar o pleito no primeiro turno, Dilma revela-se uma investidora descuidada. Ela deixa R$ 133 mil, ou 12,5% de seu patrimônio, “debaixo do colchão”, sem aproveitar as taxas de juros mais altas do mundo. Aplicado na caderneta de poupança, esse valor renderia à candidata R$ 800 por mês ou R$ 10 mil por ano.

A candidata também revela gosto por imóveis, com R$ 830 mil, cerca de 80% do seu patrimônio em propriedades: uma casa, dois apartamentos e um lote em um condomínio residencial. Ela ainda tem R$ 52 mil em joias, o que eleva a parcela sem liquidez de seu patrimônio para R$ 882 mil. A fatia em joias é maior do que a soma das aplicações financeiras da candidata, que se dividem entre R$ 47 mil na caderneta de poupança e R$ 3,7 mil em um fundo de investimento conservador.

Serra, o prevenido

No meio do caminho entre a sofisticação de Plínio e o conservadorismo extremado de Dilma, está o tucano José Serra (PSDB). Dos 1,41 milhão em aplicações, R$ 345 mil estão em propriedades: uma casa em São Paulo, um terreno e três salas comerciais.

Entre as aplicações financeiras, a predileção é pela renda fixa. Serra tem R$ 665 mil em fundos de renda fixa, R$ 38,259 mil em CDBs do banco Itaú e R$ 3.558,88 na caderneta de poupança. A pitada de risco no portfólio do candidato é a aplicação de R$ 49,49 mil em um fundo multimercado do Banco do Brasil (BB).

Quem sabe já se acautelando ante a possibilidade de não conquistar o Planalto e, assim, adquirir o direito à aposentaria garantida aos ex-presidentes, o tucano é o único entre os presidenciáveis que possui um plano de previdência complementar. Serra tem R$ 329,3 mil aplicados em um fundo VGBL do banco Santander.

Marina, a menos provida

Terceira colocada nas pesquisa de intenção de voto, a candidata do Partido Verde, Marina Silva, é a única entre os favoritos ao Planalto cujo patrimônio é inferior a R$ 1 milhão. O patrimônio total da candidata (sem contar o saldo de R$ 46,78 mil em uma conta corrente) é de R$ 102,48 mil. Marina possui uma casa de R$ 60 mil no Estado do Acre e seis lotes de terrenos que, juntos, somam R$ 42 mil.

Nem aí pra Bolsa de Valores

Com patrimônio pequeno em relação aos outros candidatos, é compreensível que Marina não tenha aplicações financeiras. Mas causa estranheza o fato de que nenhum dos três candidatos milionários se entusiasme em aplicar diretamente em ações. A bolsa foi, de longe, o investimento mais rentável durante o segundo mandato do governo Lula. De 2003 para cá, o Índice Bovespa subiu 516,16%, enquanto o CDI avançou 189,58% e a caderneta de poupança acumulou ganhos de 85,46%.

Plínio e Serra podem ter aproveitado um pouco da ascensão da bolsa, já que possuem parte dos recursos em fundos multimercados, que aplicam em diversos ativos. Já Dilma ficou fora da festa do mercado acionário no governo Lula. A candidata petista possui R$ 3.083 em papéis da Companhia Rio Grandense de Telecomunicações (CTR), mas se tratam de ações referentes à aquisição de um telefone.

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