Nas últimas semanas, os exportadores brasileiros ganharam um argumento improvável em sua luta por uma taxa de câmbio mais competitiva — o preço do Big Mac, carro-chefe da rede de lanchonetes McDonald’s.
O sanduíche é usado para compor uma estranha, e surpreendentemente bem-sucedida, fórmula para tentar aferir qual deveria ser o verdadeiro valor do câmbio em vários países, independentemente dos humores de curto prazo do mercado.
No início apenas uma brincadeira dos editores da revista britânica The Economist, o índice Big Mac, inventado há mais de 20 anos, acabou se firmando como um bom indicador de longo prazo para as diferentes moedas.
A idéia é que, ao comparar o preço do sanduíche mais popular do mundo, produzido exatamente da mesma maneira e com os mesmos ingredientes em 120 países, é possível captar o valor correto de cada moeda.
Desde o início de 1999, quando o câmbio brasileiro passou a flutuar livremente, o índice Big Mac vinha mostrando um dólar excessivamente caro, especialmente durante os períodos de maior instabilidade no Brasil.
Do início de 2007 para cá, no entanto, o Big Mac começou a avisar o oposto: que o real é que está valorizado. A mensagem ganhou força com os recordes de valorização atingidos nas últimas semanas.
Segundo o índice mais recente, o correto seria o dólar custar 2,02 reais — e não 1,83, como chegou a valer no dia 28 de setembro, quando foi fechada esta edição.
A diferença significa que o real, naquela data, estava 10% mais valorizado que o ideal apontado pelo Big Mac.
Entenda o índice | |
O índice Big Mac parte do princípio de que, por ser feito da mesma forma em 120 países, o sanduíche deveria ter em cada país o mesmo preço em dólares cobrado nos Estados Unidos. A diferença de preço indica se há valorização ou desvalorização do câmbio | |
O Big Mac custa: | |
Nos Estados Unidos US$ 3,41 |
No Brasil R$ 6,90 |
No dia 28 de setembro, o dólar estava cotado em… R$ 1,83 | |
…por essa cotação, o sanduíche feito no Brasil valia… US$ 3,77 | |
…ou seja, 10% mais do que os 3,41 dólares cobrados nas lanchonetes nos Estados Unidos. Portanto, o valor do dólar, segundo o índice, deveria ser 10% maior, ou R$ 2,02 |
Fonte: Revista Exame