A Sadia, uma das maiores multinacionais brasileiras, não tem salvação. A avaliação é do governo federal, que vê na venda dos ativos para a Perdigão a única saída para evitar danos à economia nacional. Segundo projeções que circulam no mercado, a Sadia deverá registrar prejuízo em 2008 na casa de R$ 6 bilhões. Ele é fruto das perdas com operações de derivativos, que vieram à tona com o agravamento da crise financeira global, a partir de setembro. Na segunda-feira, a Sadia admitiu a retomada das conversas com a Perdigão.
Especula-se que o prejuízo seria de quase nove vezes o lucro líquido consolidado de 2007, de R$ 689,016 milhões. Este, por sua vez, fora 82,9% maior do que os R$ 376,588 milhões apurados em 2006.
A Sadia tem cerca de 60 mil funcionários, unidades em pelo menos quatro estados, em torno das quais gravitam muitos frigoríficos pequenos, e participação relevante nas exportações do país. A Sadia foi a sexta maior exportadora brasileira em 2008, com US$ 2,424 bilhões em embarques. A Perdigão ficou em 11º, com US$ 1,841 bilhão.
Apesar disso, o governo descarta a priori um resgate da companhia. O BNDES só irá ajudar se os controladores das empresas se entenderem e houver a aquisição – clara – da Sadia pela Perdigão. A princípio, essa é a única solução, pois não haveria outros potenciais compradores do mesmo porte.
Na terça-feira, os papéis das duas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registraram forte alta por conta do comunicado confirmando uma conversa para uma possível associação.
Fonte: O Globo
***
É importante ressaltar que essa situação está muita mais relacionada à irresponsabilidade administrativa do que à crise financeira. Uma das maiores e mais sólidas empresas do setor de alimentos se meteu a fazer apostas milionárias contra o dólar, operação essa de alto risco e com consequências catastróficas, como essa.
O papel da diretoria financeira de uma empresa deveria ser investir o dinheiro da melhor maneira possível, propiciando algum retorno além do próprio lucro da empresa, não deixando dinheiro “parado”. Sendo que isso deve ser feito de uma forma responsável e, muitas vezes, conservadora.
Não adianta, porém, colocar a culpa apenas na diretoria financeira, pois mesmo tendo sido a responsável pela execução dessas operações, algo dessa magnitude deveria passar pela presidência. Se não passou, o problema é ainda mais sério. Independente disso, todos têm culpa e o resultado é a derrocada de uma grande empresa brasileira.