FINANÇAS PARA CRIANÇAS

Participei de um bate-papo por esses dias com uma mãe que quer começar a dar mesada ao seu filho de nove anos de idade. Observem a situação:

Segundo o garoto, com uma mesada de R$50,00 ele poderia juntar R$600,00 até o final do ano e comprar algo que desejasse muito: como o meu MP3 Player com 2 anos de uso e 512Mb de memória (ou uma vaga lembrança). Ofereci pra ele pelos R$600,00 e ele ficou super-interessado!

É lógico que ofereci o produto a ele só como experiência. Não seria nem um pouco honesto realizar esse negócio com o Garoto, visto que este MP3 não tem todo esse valor (no mercado livre é possível encontrar um semelhante por R$30,00).

Mas nesta experiência pude perceber diversas falhas que podemos cometer mesmo sem querer na educação financeira de uma criança e que serviram para levantar várias dúvidas da mãe: Como administrar a educação financeira de uma criança? Qual é a hora certa de oferecer a mesada? Quanto dinheiro dar?

Estas dúvidas estão presentes na cabeça de quase todos os pais com filhos desta faixa de idade. Para Cássia D’Aquino autora dos livros Educação Financeira: 20 dicas para ajudar você a educar seu filho e 20 dicas para ajudar você a administrar sua mesada. Apesar do processo educacional parecer complicado, é importantíssimo para evitar, por exemplo, futuros problemas de endividamento.

Por isso, as dicas que trazemos neste artigo também podem ser muito úteis para todos vocês.

A HORA CERTA

A mesada é uma prática bastante importante na educação financeira da criança, mas deve ser utilizada com muita cautela. Os especialistas indicam que até os 5 anos de idade, a criança não faz ideia de como funciona o dinheiro. Após esta idade, eles são capazes de entender a função de “troca” do dinheiro, principalmente quando vêem os pais comprando coisas.

Mas até os 12 anos de idade não conseguem ter uma noção do valor financeiro das coisas, como vimos na experiência citada. Quando ouvem os pais dizendo que uma coisa está cara ou barata, eles interpretam simplesmente como “nós temos ou não temos dinheiro suficiente para fazer esta compra“.

Por isso, a forma de dosar a mesada deve seguir vários outros cuidados, citados abaixo.

CICLOS SEMANAIS

A primeira sugestão é que ao oferecer mesadas para crianças menores que 12 anos, o ciclo seja semanal (semanadas) por exemplo. Enquanto um mês passa voando para um adulto, é um ciclo grande demais para a criança esperar. A percepção do tempo é diferente nesta fase da vida. Controlar o dinheiro por um período de 7 dias, então, será mais fácil.

A MESADA É PARA SER GASTA, E NÃO POUPADA

A mesada não é para ser poupada, ela deve ser gasta com lanche na escola, diversão, transporte, entre outros. A ideia é deixar com que a criança aprenda que gastar com coisas supérfluas vai fazer com que ela fique sem dinheiro mais rápido, enquanto gastar de forma inteligente o fará aproveitar mais e até poupar para comprar alguma coisa um pouco mais cara.

A ideia é que eles assumam gradualmente o controle sobre aquilo que eles consomem.

Esta dica também é importante para ajudar os pais a estimar o valor a ser oferecido.

MESADA É MESADA, NÃO É SALÁRIO NEM RECOMPENSA

O recebimento da mesada não deve ser condicionada a um bom desempenho escolar, ou às tarefas domésticas. Essas coisas são naturalmente deveres da criança. Pagar adicionais por desempenho ou dar a mesada “só se…” for feito algo que os pais querem, além de diminuir a autoridade dos pais, fazem a criança interpretar isso como uma relação patronal (ao invés de paternal).

Por isso, esta atitude não é nem um pouco recomendada. No entanto, é possível combinar um aumento de mesada de acordo com a idade, ou com algum outro critério, desde que não gere pressão sobre a educação da criança.

UM PORQUINHO TAMBÉM AJUDA

Desde que não sejam grandes demais, um porquinho pode ajudar a criança a poupar e a começar a fazer planos de longo prazo. Lembrando que como a percepção do tempo deles é diferente da nossa, longo prazo para uma criança pode significar de 6 meses a 1 ano.

A criança também tem que saber esperar e quando ela chegar ao valor desejado, realizar a compra será uma vitória!

EDUCAR NÃO DEVE SER CHATO

O consultor Gustavo Cerbasi, no livro Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos, sugere que os ensinamentos surjam de maneira natural. À medida que as crianças vão crescendo, as lições devem ir se aprimorando.

Os pais também não devem ficar fiscalizando o que o filho faz com aquele dinheiro. A criança deve ser livre para fazer suas escolhas.

BONS EXEMPLOS SÃO FUNDAMENTAIS

Esta é a principal dica. Por exercer um papel fundamental no processo de educação financeira dos filhos, os pais precisam estar sempre se policiando.

Converse com a criança sobre a sua situação financeira da família. No entanto, envolvê-los no planejamento de férias ou coisas do tipo é uma atitude bastante saudável. Mas envolver os filhos em discussões quando se está no vermelho é terminantemente proibido.

Evite também cometer excessos de consumismo, pois os filhos podem ir pelo mesmo caminho.

NAS DATAS COMEMORATIVAS, COMEMORE!

Reserve as datas especiais para dar brinquedos às crianças, mostrando assim que ela não pode ter tudo na hora que quiser.

Evite, por exemplo, levar presentes diariamente para os filhos, pois eles podem confundir o que é obrigação dele ou dos pais.

E QUE TAL ABRIR UMA POUPANÇA?

Abrir uma poupança e depositar um valor correspondente à 10% ou 20% da mesada das crianças pode ser um bom exercício também para os pais.

Quando atingirem uma idade mais elevada, a poupança pode ser repassada para o filho, ou então ser utilizada para pagar cursos, estudos, viagens etc.

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