A Bolsa de Valores de São Paulo passou por 13 grandes crises desde meados da década de 80. Na média, cada uma delas provocou uma desvalorização de mais de 50% do Índice Bovespa — ou seja, no auge de cada turbulência os investidores perderam metade do que tinham aplicado em ações. Uma análise histórica ressalta, porém, a incrível capacidade de recuperação do mercado brasileiro. Embora com durações e causas diferentes, as crises tiveram em comum o fato de sempre serem seguidas por uma forte alta do mercado. “Quem entrou na bolsa nos piores momentos ganhou dinheiro, porque a tendência histórica de alta se manteve ao longo das últimas décadas”, diz Marcelo Kayath, diretor do banco Credit Suisse e autor de um estudo sobre o comportamento da bolsa paulista desde 1986. “Isso deve se repetir agora, pois acredito que a economia vai continuar crescendo e a inflação será domada.” A maioria dos analistas espera que o Ibovespa volte a se valorizar e feche o ano em torno dos 80 000 pontos, o que representa uma alta expressiva de cerca de 35% frente ao fechamento de 4 de julho. “É um bom momento para investir na bolsa, já que há mais opções de papéis baratos”, diz Mark Mobius, diretor da gestora de recursos americana Franklin Templeton e maior investidor estrangeiro da Bovespa.
Resumo das principais crises da Bovespa:
- 1986 – O fracasso do Plano Cruzado, do governo José Sarney, levou o Ibovespa a cair 90%, em 1986 e 1987. A recuperação veio nos dois anos seguintes, com alta de 200%
- 1990 – O confisco de investimentos autorizado pelo governo Collor prejudicou o mercado por dois anos. Em 1993, porém, a alta foi de 110%
- 1994 – A bolsa viveu um dos períodos mais longos de alta após o Plano Real. O único solavanco foi a crise do México, em 1995. Depois disso, a valorização foi de 220% até julho de 1997
- 1997 – A crise da Ásia motivou a queda de 44% do Ibovespa no segundo semestre de 1997
- 1998 – Com a crise da Rússia, o Ibovespa se desvalorizou 63%
- 1999 – Após a desvalorização do real, o mercado operou em baixa por oito meses seguidos, perdendo 38%
- 2001 – Uma combinação de três crises — o colapso da economia argentina, o apagão energético no Brasil e os atentados terroristas nos EUA — fez a bolsa cair 60% em oito meses. A recuperação veio em apenas três meses
- 2002 – O temor de uma presidência do PT levou o Ibovespa a uma baixa de 65% entre janeiro e outubro. Em 2003, porém, a alta foi de 140%
- 2006 – A alta dos juros nos Estados Unidos, comandada por Ben Bernanke, presidente do Fed, derrubou os preços das ações em 30%. A retomada foi rápida e, no ano, o Ibovespa subiu 46%
- 2007 – Os problemas no mercado de hipotecas de alto risco nos Estados Unidos contaminaram a economia e fizeram o Ibovespa cair 28%. A recuperação, porém, foi rápida: o mercado voltou a subir em menos de um mês
- 2008 – A piora da crise americana e a alta da inflação em diversos países tornaram a prejudicar a bolsa, que caiu 20% entre o fim de maio e o início de julho