BÊ-A-BÁ (PARTE 1)

Nos últimos dias temos recebido muitas sugestões de temas para serem explorados aui no blog. Dentre eles, o mais cotado é o “bê-a-bá” do investidor. Ou seja: o que uma pessoa precisa saber para começar a investir?Em gratidão aos nossos leitores, aí abaixo vai um compacto da resposta.
Caso permaneça alguma dúvida, ou item que não foi tratado, fiquem à vontade para comentar o post e interagir!Risco
É o grau de incerteza sobre o retorno de um investimento. Imagine-se pulando de uma ponte bem alta… qual a probabilidade de você chegar lá em baixo vivo? Isso mesmo… depende! Se estiver usando uma pára-quedas, o risco é zero.
Com dinheiro é a mesma coisa. No mercado financeiro, o risco normalmente é proporcional ao rendimento – ou seja, quanto maior o risco, maior o ganho. Porém, procurando direitinho, é possível encontrar investimentos que garantem um bom retorno sem risco, por exemplo o Tesouro Direto.
Fundos de Investimento de risco normalmente preservam uma parte do seu montante investido em coisas seguras. O que determina o grau de risco destes fundos é justamente esta proporção.
Lembrando que riscos não são só aspectos de mercado… envolvem também questões políticas, sociais, tecnológicas, ambientais, etc.

Prazo/Carência
“Prazo” é o tempo em que a corretora acredita que o seu investimento vai obter o máximo de rentabilidade. Normalmente, o prazo também tem algum relacionamento com o risco. Tanto que é possível ver em alguns investimentos, por exemplo títulos de capitalização, que impõem prazo de carência: caso você precise sacar o seu dinheiro antes desse prazo você pagará uma multa, ou coisa parecida. Entende-se por “Curto prazo” um período de 180 dias. Médio e longo prazos variam de acordo com a estratégia de cada investidor.

Referência
Um metro vale um metro em todo canto. Um quilo também. Infelizmente com dinheiro não é assim. Por isso, quando for analisar investimentos, busque saber a referência que está sendo utilizada. Quando Critóvão Colombo disse que a Terra era redonda, foi difícil de acreditar, por que as referências indicavam o contrário. Porém, há milhões de anos já se sabia disso. Já se havia, inclusive, calculado o diâmetro da terra.
Por isso, para qualquer investimento, é preciso saber quais são as referências, para não analisá-los de uma forma errada.
Quando tratamos de Ações do mercado financeiro, no Brasil, o índice mais utilizado é o ibovespa (mas existem outros!). A taxa de juros – a Selic – é o indexador da maioria dos fundos de renda fixa.

Liquidez
Representa o valor de mercado – ou seja, a facilidade de venda e compra. É igualzinho ao seu carro velho. Quem comprou um Gol geração II, há dez anos atrás, venderia hoje muito mais fácil do que se tivesse comprado um Logus (!?). Atualmente, o carro mais líquido do mercado é o FIAT Palio. Da mesma forma, as ações mais líquidas do mercado financeiro brasileiro, desde 2005, são da Petrobrás.
A liquidez do seu investimento pode ser calculada pelo prazo de “liquidação”, ou seja, se você solicitar um saque hoje, receberá o dinheiro daqui há quantos dias úteis? No caso da Poupança é isso é instantâneo. Para ações, o cálculo é um pouco mais complicado, envolve principalmente a saúde financeira da empresa em questão.

Tributação
Imposto de renda, IOF e taxa de administração. Se alguém quiser lhe cobrar mais alguma coisa, desconfie!
Para o imposto de renda o cálculo é simples, pode ser visto neste link.
O IOF é o Imposto sobre Operações Financeiras, que combate os apressadinhos e os indecisos, ou seja, ao realizar o resgate de um investimento de renda fixa em menos de 30 dias, uma parcela do rendimento é abocanhada pelo governo. Esta parcela diminui com o passar dos dias, até chegar a zero no trigésimo dia.
A taxa de administração é a remuneração do seu banco ou corretora, pelo serviço de administração do seu dinheiro. Normalmente é cobrada em cima apenas do seu rendimento. Isso quer dizer que se você perde, o administrador deixa de ganhar… então ele vai se esforçar ao máximo para o seu investimento render bem!
Todas essas taxas são recolhidas na fonte, ou seja, a corretora é que deduz do seu dinheiro e paga o imposto.

Cenário Futuro
Quando o investimento trata-se de ações ou coisas físicas de risco, o que vai determinar se o investimento é bom ou ruim é o seu cenário futuro. Por exemplo, comprar um apartamento às margens de um bairro em expansão é garantia de rendimento. Por outro lado, um apartamento em um bairro em decadência na sua cidade representa prejuízo certo. Com ações é a mesma lógica.
Mas não é fácil adivinhar o futuro. Por isso, existem duas escolas de análise de cenários futuros: a Fundamentalista, que analisa a empresa em seus detalhes, incluindo até o currículo das pessoas que estão na sua administração; e a Técnica, que é baseada na análise dos cenários passados da empresa – no comportamento dos gráficos dos valores das suas ações – e em fatos pontuais.
Para ter uma noção de como não é simples traçar cenários futuros, vamos ver um exemplo: Ontem a petrobrás anunciou a descoberta de um novo campo de óleo no Rio de Janeiro. Isso aparentemente indicaria que suas ações iriam subir… Porém, a expectativa de recessão nos EUA faz com que os investidores estrangeiros no Brasil resgatem os seus investimentos mais líquidos que são… ? Pois é, definitivamente não é fácil.

Perfil
Realmente é preciso observar alguns pontos-chaves para decidir qual investimento é melhor – quero dizer, mais adequado – para você mesmo. E o mais importante deles é o seu perfil de investidor. O que quer dizer isso? É possível obter muitas respostas quando perguntamos “qual o seu objetivo como investidor”?
Algumas pessoas não admitem a possibilidade de colocar em jogo o seu suado dinheirinho que compõe a sua poupança… outros não estão nem aí pra isso. Alguns procuram apenas uma forma de conservar seu patrimônio, ou seja: “se eu ficar com esse dinheiro na mão, eu gasto! Então é melhor aplicar.” Outros investem por que pensam em obter uma rentabilidade que lhe garanta uma boa aposentadoria, outros por que querem ficar ricos e por aí vai. Cada pessoa apresenta uma necessidade e um comportamento diferente.

Portanto, conhecer o seu perfil antes de iniciar qualquer negócio pode evitar muita dor de cabeça. No fim das contas, isso é que vai determinar o grau de risco, o
prazo, a liquidez e outras variáveis dos investimentos mais adequados pra você.

Se você digitar “teste de perfil do investidor” no Google vai obter mais de 73 mil resultados.

Normalmente todo banco disponibiliza um teste parecido com esse. Procure preferencialmente no site do seu banco.

E lembre-se também de não andar por aí sem o seu dicionário de investidor na mão, ok?

Boa sorte!

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