A Tata Motors, montadora indiana que, na semana passada, lançou o carro mais barato do mundo (custará US$ 2,5 mil), anunciou, em entrevista ao jornal “Economic Times”, que o Brasil é um dos países mais óbvios para receber um modelo de baixíssimo custo. Para a chegada do automóvel ao Brasil, seria necessária uma parceria estratégica com a italiana Fiat – que não confirmou o negócio.
“Ainda não há acordo. Mas acredito que as duas companhias têm a consciência de que, no lugar em que uma for forte, a outra tentará ser alavancada por essa força”, afirmou o presidente da Tata Motors, Ratan Tata.
Outros mercados “além-mar” apontados pela indiana como consumidores em potencial são países africanos, Argentina, Malásia, Indonésia e outros. “Existem pessoas que acreditam na aceitação do produto na Europa, mas não é um mercado que me estimula”, completou o executivo.
O carro mais barato vendido no Brasil é o Mille, exatamente da Fiat. O modelo básico, com motor 1.0 e sem qualquer opcional, não sai da concessionária por menos de R$ 22 mil. A montadora foi campeã na preferência dos consumidores em 2007: dos mais de 2,3 milhões de carros e utilitários emplacados durante o ano, praticamente 26% haviam sido fabricados com a marca.
O presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sérgio Reze, acredita que não é impossível a chegada de um modelo extremamente barato ao mercado automobilístico brasileiro. Contudo, é preciso avaliar sua aceitação em potencial, bem como as características básicas do modelo.
Reze classificou o novo modelo da Tata Motors, o Nano Tata, como “extremamente espartano”. “As pessoas que têm possibilidade, vão buscar mais coisas. Um automóvel é um bem, um grande sonho de muita gente”, afirmou, adicionando que o conforto é muito visado, na hora de se adquirir um auto.
De acordo com pesquisa do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), a carga tributária sobre a fabricação de um Chevrolet Celta, por exemplo, fica em torno de 40% do valor final. Na opinião de especialistas do setor, a alta cobrança de impostos é um desestimulante a preços menores no mercado.