Será mesmo que vivemos uma nova crise? Ou é apenas uma crise continuada de 2008? A verdade é que não importa se é ou não a mesma, mas sim qual a magnitude que os atuais problemas irão trazer.
Grécia é a bola da vez não apenas pela magnitude de seu problema, mas porque está na iminência de dizer: “devo, não nego e não pago nem quando puder”. Em resumo, um calote. Resta saber o tamanho dele. Fala-se em metade da dívida. Algo como 175 bilhões de EUROS. Nos próximos dias saberemos na verdade como será feito.
Para entendermos melhor, voltemos no tempo. A crise financeira de 2008 foi gerada por uma bolha imobiliária americana. Ok, mas como funcionou exatamente?
Crise de 2008
Os bancos emprestaram dinheiro para pessoas que não tinham condições de pagar o financiamento. O famoso subprime. A quantidade de dinheiro emprestado pelos bancos era tão grande que quando as pessoas se viram sem condições de pagar os empréstimos, vários bancos foram quebrando. E como o mercado financeiro é globalizado, vários bancos sentiram. E os governos socorreram.
Ações coordenadas pelos bancos centrais do mundo inteiro evitaram o colapso do sistema financeiro mundial. Várias instituições foram resgatadas. As maiores do mundo, como o CITIGROUP.
Crise mundial de 2011
Mas agora o problema é outro! Os próprios países estão extremamente endividados. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha têm dívidas colossais. Itália deve 120% de seu PIB.
Há ainda um agravante. A Europa está estagnada. É um continente de idade avançada da população. Desemprego está alto o que dificulta o crescimento econômico. Quem resgata hoje os estados? Quem sofrerá com um calote da dívida grega? Bancos franceses e alemães têm boa parte da dívida. Eles sofreriam prejuízos enormes em seus balanços. Poderíamos então ter um efeito dominó. Bancos novamente quebrando e estados sem recursos para resgatá-los. O pior dos mundos.
Para agravar mais a situação, a maior economia mundial, os Estados Unidos, não conseguem engrenar. Os estímulos não estão funcionando e o desemprego não é reduzido. Novos estímulos estão sendo anunciados, mas o ceticismo é grande diante do que realmente vai acontecer com os novos pacotes americanos.
E o Brasil?
No âmbito nacional, vivemos um momento diferente. Brasil é a bola da vez. Copa do Mundo, Olimpíadas, etc. O que gosto de frisar é que podemos ter uma relação dívida/PIB igual a Européia se não focarmos no hoje. O nome disso?
Superávit primário. Essa é a maquiagem. O Brasil fala hoje que gasta menos do que arrecada. Uma verdade. Porém, quando nesta conta entra os juros, o Brasil precisa injetar mais dinheiro. Ou seja, emitir mais dívida. Isso é uma bola de neve que precisa ser estancada no começo do problema para não termos o mesmo fim Europeu.