O leitor Marco Antônio, através do artigo “Entenda o cálculo da poupança“, deixou o seguinte comentário: “Tenho empréstimo no valor atual de R$ 11.000,00, com taxa de juros de 2% e pago com prestações mensais de cerca de R$ 800,00. Tenho na poupança cerca de R$ 5.000,00. Gostaria de saber se vale a pena abater o empréstimo utilizando o saldo da poupança, ou esperar até julho quando terei, além do valor da poupança, mais R$3.000,00 e então quitar o emprestimo?”
Essa pergunta não é tão simples de ser respondida, dado que envolve vários fatores, alguns inclusive não-financeiros. Olhando apenas pelo ponto de vista racional, o correto seria utilizar o dinheiro poupado para abater o valor do empréstimo.
A justificativa é muito simples de ser entendida. O empréstimo te cobra 2% de juros ao mês, ao passo que a poupança rende um pouco acima de 0,5% ao mês. Então não faz sentido ganhar 0,5% quando se perde 2%. Você deveria então eliminar o quanto antes essa dívida para voltar a poupar e investir seu dinheiro.
Ainda olhando pela lado financeiro, existe outra perspectiva. Se essa operação de crédito tiver sido um leasing, com o valor das parcelas já definidas e os juros embutidos, provavelmente você não conseguirá um desconto que valha a pena quitar essa dívida. Nesse caso você não deveria utilizar o dinheiro poupado. Entretanto, se houver a possibilidade de descontar os juros, diminua a dívida o máximo que puder.
Existe, porém, um outro ponto de vista que deve também ser levado em consideração. Ele está diretamente ligado à sua disciplina e comprometimento consigo mesmo. A partir do momento em que você utiliza o dinheiro poupado para quitar um empréstimo, você deixará de pagar mensalmente as parcelas dessa operação de crédito.
Mas isso não significa que você ainda não tenha um compromisso com esse dinheiro que agora “sobraria”. Todo o montante que antes era destinado ao pagamento do empréstimo deve ser poupado, pelo menos até repor o que você havia tirado, mais juros. Uma dica é continuar pagando o mesmo valor do empréstimo durante o tempo que ainda restava para você mesmo.
Esse comportamento garantirá que você fez a escolha certa ao quitar a dívida com o dinheiro poupado, evitando pagar juros mais altos, mas ao mesmo tempo, fez a reposição do dinheiro. Isso mostra que você possue inteligência creditícia e disciplina.
Lembre-se também que muito dificilmente um investimento renderá mais do que os juros cobrados pelas principais operações de crédito, seja ela cartões de crédito, cheque especial ou até mesmo empréstimos consignados. É importante se planejar primeiramente para quitar suas dívidas e só então pensar em investir.