Carro: Amigo ou Inimigo na Construção da Riqueza?

Carro: Amigo ou Inimigo na Construção da Riqueza?Como provavelmente você já sabe, temos os carros mais caros do mundo no Brasil, tanto para comprar como para manter. Mas, considerando a realidade do nosso sistema de transporte, a propriedade de um veículo é uma necessidade para grande parte das pessoas.

Além disso, o carro é um grande sonho para muitos, representando uma conquista que se traduz em mais liberdade e conforto. Nesse contexto, fica a questão:

Como conciliar a compra e manutenção de um carro com o objetivo de construir riqueza?

A resposta para essa pergunta, especialmente importante para os leitores do Quero Ficar Rico, será o tema deste artigo, que se baseará na experiência e nos conhecimentos decorrentes da minha atividade de consultor automotivo pessoal.

Carro como amigo

O ponto central para balizar a decisão de comprar um carro e escolher o modelo mais adequado ao seu perfil diz respeito à necessidade. Procure responder com clareza à seguinte questão:

Afinal, para quê eu preciso de um carro e por que devo escolher determinado modelo?

Para auxiliar nessa definição, é interessante pensar nas várias peculiaridades que envolvem aspectos pessoais e familiares, bem como as condições regionais de infraestrutura.

Reflita também sobre questões como essas: “Quais são os percursos que normalmente farei para trabalhar, estudar e passear? Vou me deslocar sozinho ou acompanhado? A minha família tende a aumentar? Transportarei objetos e cargas? Em que tipo de vias trafegarei e qual será a quilometragem média anual? Onde o carro ficará estacionado?”

Um aspecto bastante relevante, pensando no lado financeiro, é avaliar se o carro será usado como meio de obtenção de renda. Há situações em que essa relação é direta, como nos casos de uso para o trabalho, envolvendo o seu próprio transporte ou de clientes ou cargas.

Mas há casos também de impacto indireto, como nas hipóteses de ser utilizado para estudo ou como ferramenta de marketing, algo que, lamentavelmente, alguns profissionais necessitam para captação de clientes. Sabemos que o carro é, infelizmente, um objeto de status, principalmente no Brasil.

Para exemplificar todo o exposto, há alguns anos, enfrentei uma decisão difícil de ter que gastar um valor considerável para adquirir um SUV para que minha esposa pudesse trabalhar.

Naquele caso, morávamos no interior do Rio Grande do Sul e, para que ela pudesse chegar à nova empresa que a contratou, seria necessário o deslocamento por 20 km de estrada de terra em condições precárias e com muitas pedras.

Mas, hoje, posso dizer que foi uma decisão extremamente acertada, tanto do ponto de vista técnico como financeiro.

O carro, criteriosamente escolhido, apresentou toda a robustez e segurança esperada, trafegando por mais de três anos nessas condições adversas sem nenhum problema.

Em relação ao lado financeiro e profissional, o ingresso naquela empresa permitiu uma experiência valiosíssima e, como ela obteve várias promoções, o custo inicial do carro foi amplamente compensado.

Carro como inimigo

Novamente, o momento de compra e escolha do modelo é o ponto crucial responsável por boa parte dos futuros reflexos. Como vimos acima, a compra que leva em conta o fator necessidade é positiva.

Por outro lado, as escolhas baseadas apenas em fatores emocionais e sociais costumam trazer consequências negativas.

Na maioria das vezes, elas ocorrem em função da busca por status ou são compras impulsivas (como aquelas exclusivamente motivadas pela aparência, design e desejo de exclusividade).

O aspecto mais importante é evitar seguir o padrão de pensamento que associa o carro a status, imagem e meio de expressão da própria personalidade.

É sempre importante lembrar que “ninguém é o carro que possui”, devendo ser evitada a influência de aspectos emocionais que vinculam ao bem algum tipo de compensação de caráter psicológico.

Em relação às compras impulsivas, vale destacar que os carros são máquinas extremamente complexas, compostos por milhares de componentes, que trafegam nas precárias superfícies existentes no Brasil.

Dessa forma, embora eu reconheça o valor de comprarmos bens compatíveis com nossos desejos, é extremamente importante que a escolha do seu carro seja feita de forma consciente.

Para tanto, é necessário planejar, pesquisar, testar e confirmar uma série de informações relevantes para checar se o carro escolhido é mesmo uma boa opção.

Adicionalmente, temos no Brasil um outro fator que compromete bastante as finanças pessoais: as trocas constantes (muitas vezes motivas pela lamentável “pressão social”).

O brasileiro muda de carro, em média, a cada 32 meses. Na França, por exemplo, o prazo é de 60 meses, segundo informações do Sérgio Habib, da Jac Motors.

Não há dúvidas de que essas constantes trocas são prejudiciais para o bolso, considerando-se a ideia de que, financeiramente, é melhor ficar com o carro pelo maior tempo possível.

Nesse sentido, apenas como exemplo, a Exame publicou um artigo com uma simulação que mostra as vantagens financeiras de manter um carro por dez anos.

Mas você deve estar se perguntando: “Será que dá mesmo para ficar com um carro por muito tempo?”.

A resposta é sim, mas depende de dois fatores importantes:

  1. Da escolha de um bom carro, considerando sua qualidade, segurança e custo-benefício; e
  2. Da manutenção (inclusive preventiva) e conservação de forma adequada.

Agora a sua pergunta provavelmente é: “Ok, mas como escolher um bom carro?”. É justamente esse o tema do próximo item.

O que avaliar na compra e escolha de um carro

Como dissemos, os três fatores essenciais dizem respeito à qualidade, segurança e custo-benefício.

Qualidade

Basicamente, a análise deve levar em conta as características do projeto (principalmente o ano de concepção), a qualidade de construção, o design como um todo, o nível de refinamento, o comportamento dinâmico, a robustez e facilidade de manutenção, o conjunto mecânico, os itens de série, além de outros aspectos técnicos essenciais.

Segurança

Para este item, normalmente esquecido pelos consumidores brasileiros, o foco deve ser ainda mais apurado.

Isso porque esse fator envolve os valores “vida” e “saúde” que, na minha opinião, estão acima de todos os demais.

Infelizmente, pode-se dizer que a maioria dos carros vendidos no Brasil, atualmente, apresentam uma preocupante falta de segurança.

Como estamos num mercado emergente, com legislação mais branda e consumidores pouco exigentes, muitos carros apresentam 20 anos de atraso em relação aos similares vendidos no Primeiro Mundo.

Embora tenhamos a obrigatoriedade de duplo air bag e freios ABS a partir de 2014, o cenário ainda continuará ruim.

Afinal, muitos carros jurássicos e outros que já obtiveram nota zero em crash tests ainda continuarão à venda.

Aliás, costumo comentar que, em carros com uma estrutura de absorção de impactos ruim, a presença desses itens é algo parecido com a situação de “pular de um prédio usando capacete”.

Portanto, a análise da segurança deve levar em conta os aspectos estruturais dos carros, a presença de itens relativos à segurança passiva e ativa, e os resultados nos crash tests realizados ao redor do mundo.

Custo-benefício

Finalmente, essa avaliação requer muito mais do que normalmente as pessoas fazem. Como sabemos, a maioria dos consumidores apenas olha o preço de compra ou o valor da parcela do financiamento.

Esse comportamento acaba trazendo uma série de problemas e arrependimentos futuros.

Provavelmente, você conhece alguns casos de pessoas que precisam fazer uma “ginástica financeira” para manter os carros ou então acabam se desfazendo dos veículos quando já estão com o bolso muito comprometido.

Por conta disso, para realizar uma profunda análise sobre o impacto financeiro de um carro, é necessário levar em conta o que chamo de “Estrutura de preços dos carros no Brasil”.

Basicamente, ela baseia-se na ideia de que os impactos financeiros começam na hora da compra (envolvendo preço de aquisição e despesas no Detran), passam pelo período de propriedade (abrangendo IPVA, licenciamento, DPVAT, seguro, consumo de combustível, manutenção e outras despesas incidentais, como lavagem, multas, taxa de inspeção veicular e estacionamento) e terminam na hora da venda, com a desvalorização efetiva, que sempre é elevada.

Além disso, as pessoas que necessitam de financiamento devem atentar para qual modalidade é mais interessante para o seu perfil, bem como para a totalidade dos custos envolvidos.

Considerando todos os fatores mencionados, em certos casos, a compra de um carro usado ou seminovo pode ser uma excelente opção.

Mas, para tanto, é necessário escolher um bom carro e com ótimo estado de conservação. Obviamente, esse tipo de escolha deve estar de acordo com o perfil de cada um.

Conclusão: Recapitulando…

A filosofia de uma pessoa não é melhor expressa em palavras; ela é expressa pelas escolhas que a pessoa faz. No longo prazo, moldamos nossas vidas e moldamos a nós mesmos. O processo nunca termina até que morramos. E, as escolhas que fizemos são, no final das contas, nossa própria responsabilidade” ~ Eleanor Roosevelt

A viabilidade de ter um carro é algo que merece muitas reflexões. Para uma decisão de compra consciente, é necessário escolher um bom carro, pensando na qualidade, segurança e custo-benefício.

Como nem todas as pessoas têm conhecimento e principalmente o tempo necessário para planejar e pesquisar, decidi publicar o livro digital Como Escolher o Seu Carro Ideal.

O objetivo é orientar na escolha de qual carro comprar de acordo com o perfil de cada pessoa, considerando o que realmente deve ser prioritário.

Com clientes já atendidos em todas regiões do país, percebo a relevância que certas informações (muitas vezes ocultas na mídia) têm para os consumidores.

Isso é ainda mais acentuado para aqueles que efetivamente dão valor ao seu dinheiro.

Finalmente, o carro sempre foi um objeto relacionado com a ideia de liberdade e os leitores do Quero Ficar Rico certamente valorizam a liberdade financeira.

Dessa forma, é interessante equilibrar as prioridades, com o objetivo de tomar melhores decisões pensando em mais bem-estar, lazer e conforto para você e sua família.

Escolhendo bem, o seu carro representará um sonho realizado e seu bolso também agradecerá.

Obrigado pela atenção a até a próxima!

Imagem de shutterstock.com.

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Fundador e Consultor Automotivo na CARRO E DINHEIRO – Consultoria Automotiva Pessoal. Autor do livro digital "Como Escolher o seu Carro Ideal". Acompanha os setores automotivo e financeiro há muitos anos e já foi entrevistado em vários veículos na mídia.