Quando queremos comparar o desempenho do mercado de ações com outros mercados, a principal ferramenta de comparação é o desempenho do Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa. Já quando falamos em renda fixa, utiliza-se a variação do CDI em determinado período.
Partindo deste princípio, é possível chegar a conclusões como “nos últimos 17 anos, a renda fixa ganhou da bolsa de valores“. No entanto, a conclusão correta por trás dessa afirmação é que a performance do CDI foi melhor que o Ibovespa nos últimos 17 anos. E não que investir em ativos de renda fixa é melhor que investir em ações.
O objetivo deste artigo é mostrar que existe uma grande diferença entre investir em ações e investir no Ibovespa. Para tanto, vou explicar o que significa investir em cada um deles e dar exemplos reais para mostrar essa distinção.
O que é o Ibovespa?
O Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis negociados na BM&FBOVESPA (Fonte: site da BM&FBovespa).
Em outras palavras, o Ibovespa é uma média ponderada do desempenho das ações mais negociadas (não necessariamente as melhores). A carteira do Ibovespa é atualizada periodicamente e pode ser consultada aqui.
Como investir no Ibovespa?
A melhor forma, na minha opinião, para se investir no Ibovespa é através de fundos ETF. Além de seguir – quase que fielmente – o índice, a taxa de administração desses fundos é baixíssima (abaixo de 1% a.a.).
E para quem acha em investir no Ibovespa é ruim, uma pesquisa muito interessante, publicada no site HC Investimentos, do meu amigo Henrique Carvalho, mostra que 66% dos fundos de investimento perdem para o Ibovespa.
Então, afinal, o que é investir em ações?
Investir em ações significa definir um método para escolher ações para comprar e – principalmente – uma estratégia para aproveitar os altos e baixos do mercado. Além de identificar quais ações você deve comprar, é necessário também saber quando comprar e também quando vender.
Escrevi recentemente o artigo “A fórmula mágica de Greenblatt“, que mostra como escolher as melhores ações para comprar levando em consideração os índices P/L (preço por ação / lucro por ação) e ROE (lucro líquido / patrimônio líquido). Trata-se de um método de escolha bem interessante e que vale a pena ser analisado.
Casos reais
Apesar do Ibovespa superar 66% dos fundos de investimento existentes no mercado, existem gestores que sabem escolher as melhores ações para investir como ninguém, obtendo uma rentabilidade muito superior ao Ibovespa e ao CDI (principal índice para renda fixa).
Um excelente exemplo foi apresentado no artigo “10 melhores fundos de investimento da última década“. Enquanto o Ibovespa teve uma variação positiva de 210% entre janeiro de 2000 e 5 de agosto de 2011, o melhor fundo dos últimos 10 anos rendeu mais de 2.200% no mesmo período. Mesmo o décimo colocado teve um resultado infinitamente superior: 897,07%.
Conclusão
Pelo que foi mostrado acima, é possível concluir que investir em ações é bem diferente de investir no Ibovespa. Dessa forma, afirmar que o mercado de renda fixa foi melhor que o mercado de ações, por exemplo, nos últimos 10 anos, é um equívoco.
O CDI até pode ter sido superior ao Ibovespa neste período, mas existem várias carteiras de ações com desempenho muito superior ao principal benchmark de renda fixa.
Por fim, porém não menos importante, é essencial enfatizar que investir diretamente em ações não é uma tarefa fácil. Não é à toa que existem tantos fundos de investimento, pois eles se assumem a tarefa de escolher as ações para você, em troca das taxas de administração (algumas muito salgadas, por sinal).
No entanto, obter um desempenho superior ao Ibovespa e – principalmente – CDI não é impossível. Na verdade, no longo prazo, o desempenho de uma carteira de ações bom montada pode ser infinitamente superior ao CDI.