Vimos, na semana passada, o governo elevar novamente a taxa de juros (SELIC) para 10,25% ao ano. Se, por um lado, é uma boa notícia para os investidores em títulos públicos, pois a rentabilidade está atrelada à SELIC, por outro lado causa um esfriamento na economia.
Entretanto como é que o “simples” aumento da taxa de juros consegue esfriar a economia? Qual a intenção do governo em fazer isso? E como nós, investidores, podemos tirar proveito desses aumentos? O objetivo desse artigo é responder todas essas perguntas de uma forma simples, dismistificando um assunto tão comentado nos noticiários, mas que pouca gente compreende, dada a complexidade dos jargões econômicos utilizados. Vamos lá!
Por que a elevação da SELIC esfria a economia?
A resposta é bem simples. O aumento da taxa de juros impacta diretamente os juros dos financiamentos bancários. Como grande parte do consumo nacional é produto de financiamentos e a oferta de crédito está mais “cara” (com juros mais altos), consequentemente as pessoas passam a consumir menos.
O mesmo raciocínio se aplica às empresas, que deixam de contrair empréstimos para investimentos em novos projetos, já que os juros mais altos comprometem a taxa de retorno do investimento, aumentando o risco. Consumidores gastando menos e empresas investindo menos é igual a menos dinheiro rolando na economia.
Por que o governo faz isso?
Essa merece uma explicação mais elaborada. O governo trabalha com uma meta de inflação anual em torno de 4,5% a.a. Sendo que a expectativa de inflação para esse ano já se aproximando dos 6% a.a. Isso significa que nós, consumidores, as empresas e o governo vinha gastando mais que a oferta de bens e/ou serviços. Isso tende a elevar o preço (pela tão falada lei da demanda e da oferta) das coisas.
Portanto o aumento da SELIC desestimula o consumo, diminuindo a demanda (procura por bens e/ou serviços), impedindo que os preços continuem a subir e, quem sabe, até comecem a cair. Em poucas palavras, o objetivo do governo, ao elevar a SELIC, é controlar a inflação.
E como podemos nos aproveitar desses aumentos da SELIC?
Alguns títulos públicos são indexados, direta ou indiretamente, pela SELIC. A LFT (Letras Financeiras do Tesouro), título pós-fixado indexado à SELIC é a primeira opção. Essa opção acompanha a SELIC, pagando no vencimento do título o rendimento dessa taxa. Como a perspectiva de curto e médio prazo é de elevações até o final do próximo ano, trata-se de uma boa escolha.
A segunda opção, também para curto e médio prazo, é a LTN. As LTNs (Letras do Tesouro Nacional) são prefixadas e você já sabe quanto ela vai render no momento da compra. Apesar de não ser indexada à SELIC, geralmente as taxas prefixadas oferecidas aumentam um pouco sempre que a SELIC aumenta.