Uma leitora (omitiremos o nome por conta da exposição dos valores) enviou a seguinte pergunta: “Sou odontóloga, tenho 41 anos, sou contribuinte do INSS desde out/87 e há alguns anos que faço o recolhimento ao INSS pelo teto máximo que corresponde hoje a R$ 607,79. Em out/2017 completarei 30 anos de contribuições e receberei, pelos valores de hoje, um benefício de no máximo R$ 3.038,99. Também fiz opção por um plano de previdência privada (Flexprev PGBL Renda Fixa Itau) e contribuo atualmente com o valor de R$ 589,54 por mês. Quando eu completar 65 anos de idade, pela projeção atual do Itau, poderei fazer a escolha entre as seguintes opções: renda vitalícia no valor de R$ 2.882,81; ou renda temporária de 15 anos no valor de R$ 6.000,00. Qual seria o melhor planejamento previdenciário: 1) mantenho tudo como está? ou 2) reduzo a contribuição do INSS e aumento o da previdência privada?”
A pergunta é muito interessante e certamente muitas pessoas devem fazer esse mesmo questionamento. Pelos dados que você nos passou, não terei como te dizer exatamente os valores dessas para essas duas opções, mas acredito que posso responder teu questionamento.
Para saber exatamente quanto você teria se optasse por continuar como está ou aumentando a contribuição na previdência privada, você teria que procurar o INSS para saber quanto você receberia de aposentadoria se, a partir de agora, só contribuisse com o valor mínimo, que seria de R$ 83,00 (20% de R$ 415,00, segundo o site do Ministério da Previdência). Apesar de saber quanto você tem contribuido, não sei com quanto você contribuia antes. Por esse motivo, só o pessoal da previdência poderia responder essa pergunta.
Após saber o valor da aposentadoria com a contribuição mínima, você deveria procurar seu gerente do banco onde possui a previdência privada (provavelmente o Itaú) para questionar quanto receberia a mais se aplicasse a diferença que sobrou do INSS (R$ 607,80 – R$ 83,00 = R$ 524,80) no seu plano de previdência privada. Com isso, você saberia se a soma do seu PGBL com o INSS seria maior que o valor atual, aproximadamente R$ 5.920,00, considerando a opção pela renda vitalícia.
Mas teu caso é bem diferente. Com 20 anos de contribuição ao INSS, reduzir a contribuição agora provavelmente seria um “desperdício” do que já foi aplicado, visto que a previdência privada muito provavelmente não cobriria o que você já investiu. Encontrei inclusive um exemplo no site da Folha Online que mostra uma situação muito parecida com a tua. Transcrevo o trecho abaixo:
“É importante lembrar que cada caso é um caso (há contribuintes individuais que podem diminuir a alíquota paga para o governo) e que ainda não é possível trocar a previdência pública pelos planos privados. A contribuição para o governo é obrigatória. Muita gente se esquece desse detalhe e, por causa disso, além de ficar irregular perante a lei, em alguns casos “desperdiça” contribuições já realizadas.
Esse desperdício é comum entre as pessoas que, depois de anos de contribuição como assalariadas, trocam a carteira assinada pela condição de empresário ou autônomo e deixam de contribuir para a previdência social.
Vamos imaginar um homem que se torne empresário aos 42 anos depois de contribuir por 22 anos, pelo teto, como assalariado. Segundo Conde, se ele continuar contribuindo pelo teto (R$ 265,65 ao mês), poderá aposentar-se, após 15 anos, com um benefício mensal de R$ 1.328,25. Num plano de previdência privada, com esse valor, prazo e idade, ele nem chegará perto desse benefício.
Em casos como esse, mesmo envolvendo períodos menores de contribuição, é sempre bom consultar um especialista ou um posto do INSS, antes de cortar os vínculos com a previdência pública ou diminuir a contribuição. No futuro, pode ser tarde demais para consertar o erro. Ficando 24 meses sem pagar a previdência, a pessoa perde a qualidade de segurada.”
Portanto, o melhor deve ser continuar como está. Espero sinceramente ter ajudado!