Que o mercado financeiro dos EUA está uma bagunça, nós já sabemos. 92% dos próprios americanos diziam-se insatisfeitos com a politica econômica do governo dos EUA. Para termos uma idéia, o tema “Economia” foi o mais discutido nos debates televisionados entre os dois candidatos à Casa Branca, e até rendeu diversas discussões entre os candidatos durante a campanha.
Mas o que podemos esperar a partir de agora, com a eleição do novo presidente Barack Obama?
A primeira boa notícia é que Obama terá uma equipe econômica já experiente de governos passados.Esta equipe será composta por alguns nomes bem conhecidos dos americanos (por aqui, nem tanto).
- Robert Rubin, trabalhou durante 26 anos no Goldman Sachs, e tornou-se diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca de 1993 a 1995 e Secretário do Tesouro de 1995 a 1999, durante os dois mandatos de Bill Clinton. Atualmente, é diretor do Citigroup.
- Lawrence H. Summers é um economista norte americano, foi secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América no último ano e meio da presidência de Bill Clinton. Antes disso, havia sido vice-secretário do Tesouro sob a gestão de Robert Rubin. Sobrinho de dois ganhadores do Prêmio Nobel (Paul Samuelson e Kenneth Arrow), estudou no Massachusetts Institute of Technology e em Harvard.
- Paul Adolph Volcker é um economista norte americano, presidente da Reserva Federal durante os governos de Jimmy Carter e Ronald Reagan.
Confira mais abaixo as principais propostas de Obama relacionadas à economia dos EUA.
- Corte de impostos a pequenas empresas e negócios nascentes;
- Incentivos fiscais com o objetivo de encorajar novos investimentos, principalmente relacionados à geração de empregos. Para cada novo posto de trabalho criado nos próximos dois anos, as empresas deduzirão três mil dólares nos impostos;
- Pacote de US$ 50 bilhões para evitar que mutuários inadimplentes sejam despejados de suas casas e para contrabalançar o impacto dos preços da energia;
- Maior regulamentação do governo sobre o sistema financeiro e regras mais firmes para as empresas de cartões de crédito;
- Lei de falências mais complacente com empresas endividadas.
- Fim dos benefícios fiscais (concedidos por Bush) para quem ganha mais de 250 mil dólares por ano;
- Criação de um fundo de crédito tributário pessoal;
- Isenção tributária para idosos que ganham menos de 50 mil dólares por ano;
- Dar ao Federal Reserve (Banco Central) autoridade para supervisionar qualquer
instituição financeira à qual possa disponibilizar crédito, e defende reformas
que tornem mais ágil o trabalho das autoridades reguladoras do setor;
Fontes: O Globo, Último Segundo
O que podemos perceber, no geral, é que as propostas de Obama procuram beneficiar diretamente as classes mais baixas, aplicando cortes em impostos, incentivando pequenos empreendimentos e buscando principalmente o aumento do empregos. O seu plano também demonstra preocupação com o que os especialistas culpam como a principal causa desta crise: a irresponsabilidade excessiva das empresas de crédito. Esta preocupação pode é refletida nas intenções de aumento de regulamentações e da autoridade do FED.
Pondo em linhas mais gerais, Obama pretende dirigir a recuperação da economia americana “de baixo pra cima”, ou seja, buscando reestabelecer a base da economia.
O seu plano deve obter um bom resultado a longo prazo. Porém, o mundo não pode esperar. Estas medidas deverão ser complementadas com um plano de recuperação da crise financeira, onde serão disponibilizados U$ 115 bi para os bancos aumentarem a disponibilidade de crédito e evitarem o desaquecimento e a perpetuação da recessão – que já deu sinal de vida no último trimestre. E a sua idéia de dar um ponto final às guerras no oriente médio certamente dará um fôlego ainda maior para investimentos internos.
Por aqui, assim como demoramos para sentir o impacto da crise, demoraremos um pouco para sentir os impactos de melhoria do novo governo. O mais importante é que a confiança dos investidores – principal causa dos piores dias do mercado financeiro dos últimos anos – tende a se reestabelecer rapidamente, assim como o dólar logo logo será estabilizado.