Será um bom negócio, vender a minha casa no valor de R$ 60.000,00 e aplicar na poupança? Se deixar o valor na poupança em quanto tempo teria R$ 120.000,00?
I. P.
Olá I. P., obrigado por entrar em contato!
Definitivamente, a resposta é não! Não é um bom negócio vender a sua casa e aplicar na poupança!
Enquanto a maioria dos brasileiros caminha no sentido de adquirir a casa própria, por que você iria se desfazer da sua? Confira neste post a resposta completa.
Na ponta do lápis
Se você vender a sua casa no valor de 60 mil reais e aplicar este valor integralmente na poupança, você teria uma renda mensal garantida de aproximadamente 300 reais – o que não parece ser suficiente para pagar o aluguel de uma casa do mesmo valor, correto?
Ainda mais, se você deixasse os 60 mil reais paradinhos na sua poupança, seria necessário esperar 12 anos para que eles se transformassem em 120 mil reais. Além disso, considerando coisas como inflação e variações de mercado, esses seus 120 mil reais daqui a 12 anos poderiam nem ser suficientes para adquirir uma casa que atualmente vale 100 mil.
Lenda ou realidade?
Alguns conselheiros financeiros dizem que vale mais a pena viver de aluguel do que com a sua casa própria. Porém, existem 3 maneiras diferentes de enxergar essa teoria.
1. casa própria como garantia
Como muitos de vocês devem saber, encontrar trabalho no Brasil não é uma tarefa simples! Esta cultura que o brasileiro tem de querer adquirir a casa própria tão rápido quanto possível é proveniente da consciência de que é difícil conseguir garantir-se num emprego por muito tempo (muito tempo leia-se 35 anos). Depois disso, aposentar-se tendo que gastar uma boa parte da sua aposentadoria com aluguel, ou depender de filhos ou parentes para ter um teto, não parece uma boa ideia, não é mesmo?
Por isso adquirir uma casa própria é uma espécie de vitória, para aqueles que passarão o resto da vida sem pagar aluguel, e – principalmente – com o seu pedacinho de chão para acolher sua família durante qualquer tempestade financeira.
A casa própria como garantia é geralmente adquirida financiada em milhares de prestações através da Caixa Econômica (ou qualquer outro banco). Em ocasião nenhuma é recomendável livrar-se da sua casa nestas condições.
2. casa própria como investimento
Imóveis podem ser enxergados como investimento resumidamente de 2 formas: quando você compra um imóvel para alugar a um terceiro, ou quando o imóvel é comprado para ser revendido contando com uma provável valorização.
Observem que nos dois casos os imóveis não são o único imóvel do dono. E, nos dois casos, livrar-se do imóvel pode ser parte de uma estratégia do negócio, que envolve coisas desde a temperatura do mercado, até a própria condição do imóvel.
Uma prática recomendável para quem ainda está correndo atrás da sua casa própria como garantia é tentar trocar o imóvel por outro melhor, sempre que o seu financiamento for quitado. Assim, o seu patrimônio nunca para de crescer.
3. casa própria como passivo financeiro
A casa própria passa a ser um passivo financeiro quando o seu valor é alto o suficiente para que, caso estivesse aplicado, pudesse estar rendendo-lhe um montante suficiente para pagar o seu aluguel, e ainda sobrar mais um pouco. Neste caso, a casa própria estaria representando apenas um “gasto” (desnecessário) no seu orçamento.
Isso acontece frequentemente com pessoas solteiras, ou pequenas famílias, que adquirem casas ou apartamentos luxuosíssimos, e não conseguem curtir as opções que o condomínio os oferecem.
Neste caso, eles poderiam considerar vender este imóvel, aplicar o dinheiro, e pagar o aluguel e outras contas com os rendimentos da aplicação. Vale a pena lembrar também que grandes quantias aplicadas potencialmente atingem maiores taxas de retorno.
Em suma, abandonar a sua casa própria para passar a viver de aluguel vale a pena se – e somente se – o valor do imóvel for suficiente para render mais do que o seu gasto com o aluguel do novo imóvel. Ainda assim, entra em jogo algumas questões culturais e de valores pessoais que impedem que muita gente faça isso!
Mas fica a dica. Independente de qual seja a sua situação, a melhor opção é sempre colocar todos os custos e ganhos na ponta do lápis. Tente prever também todos os impactos de se fazer esta troca pois transações com imóveis são lentas e, por envolverem muitas pessoas, leis e processos, exigem bastante paciência e principalmente cuidado dos negociadores.