Se você buscar conceitualmente a função de um banco irá encontrar que são instituições criadas para intermediar a transferência de dinheiro dos superavitários (poupadores) para os deficitários (emprestadores). E a grande maioria das pessoas acreditam que realmente seja esta a função dos bancos.
É fato que todos nós temos uma preferência temporal pelas coisas. Preferimos consumir hoje ao invés de adiar este consumo para amanhã. Preferimos usufruir de um bem hoje do que no futuro. E só adiaremos o consumo caso nos seja dado um prêmio por isto.
Vamos chamar este prêmio de juro. Portanto, o juro é o prêmio recebido por se postergar o consumo.
Mas quem paga este prêmio (juro)?
O consumidor que deseja antecipar seu consumo e está disposto a pagar mais por isto.
Se os bancos realmente cumprissem sua função conceitual, o valor dos juros praticados em nossa economia seria autorregulado. O valor do juro seria definido pela lei da oferta e da procura, pela sociedade e suas preferências temporais. O juro representaria a quantidade de poupança disponível.
Mas, como os bancos não trabalham simplesmente como agentes desta transferência e sim como definidores do prêmio pago e do juro praticado, ficando eles com a maior parte desta diferença (spread bancário), de forma alguma podemos falar em autorregulamentação ou em lei de oferta e procura.
Nosso sistema bancário é frágil, apesar de termos mais de uma centena de bancos, apenas 5 deles detém cerca 75% de todos os ativos.
Além disso, os bancos ainda são grandes geradores de inflação por multiplicarem dinheiro. Sim, bancos multiplicam dinheiro.
Só lembrando que uma das causas da inflação é o excesso de dinheiro em circulação.
Os bancos captam recursos por meio do depósito de clientes e emprestam estes recursos aos tomadores de crédito. O dinheiro é gasto e volta a ser depositado no banco, que volta a ser emprestado.
Mas este dinheiro é o mesmo que já foi emprestado anteriormente e desta forma o banco, com seu sistema multiplicador, “cria” dinheiro.
Se os bancos não existissem como intermediários, as pessoas poderiam negociar prêmio e juro de forma livre. Mas isto é proibido, e caso você o faça será preso por agiotagem, pois os bancos são os únicos agiotas legalizados.
Mas a taxa SELIC não baliza o juro praticado na economia?
Não. Ela apenas é referência para o prêmio concedido aos superavitários. O juro cobrado é balizado pela inadimplência, pela demanda, pelas preferências temporais das pessoas e ainda pela utilidade marginal.
Conclusão
Os bancos, além de gerarem inflação ao multiplicarem o dinheiro, faz o cliente pagar juro mais alto ao tomar dinheiro emprestado, pois não funcionam como simples intermediários, mas ganham, e muito, através do spread.
Acredito que a pergunta – que dá título ao texto – foi respondida ao longo dele. Pense como seria um sistema econômico sem os bancos, ou pelo menos com regras diferentes das atuais, com uma regulamentação que favorecesse as pessoas e não os próprios bancos.
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