É fato que os computadores e celulares não só já fazem parte da vida de praticamente todos os brasileiros, como também eles estão se tornando cada vez mais úteis nas tarefas do dia-a-dia.
Tudo bem que tirar foto, ouvir rádio e assistir TV não são tarefas fundamentais… mas e se de repente esse aparelhinho substituisse o nosso cartão de crédito? E se não fosse mais necessário enfrentar longas filas de banco ou de caixa de supermercado para realizar atividades (não tão) simples, como pagamentos, transferências ou compras, seja lá o lugar em que você esteja?
Numa pesquisa recente, o Gartner Inc. – uma das maiores companhias do mundo de pesquisa em tecnologia – identificou as 10 evoluções dos celulares que devem bombar nos próximos anos. Entre elas, algumas que vão mexer com a nossa cabeça, ou melhor… com com o nosso bolso!
o grupo gartner, casa que tem tradição em previsões para o futuro do planeta digital, publicou uma lista das coisas mais interessantes do mundo móvel em 2012. como o ano que vem já está aí mesmo, quase passado, jingoubéus a tocar em todo shopping, previsões para 2012 são até mais fáceis de discutir.
nos próximos dez dias, dia a dia, vamos falar sobre cada um dos exercícios de futurologia do gartner, acrescentando a visão deste blog.
pra começar, olhe o que o garter acha sobre… transferência de dinheiro:
1: Money TransferThis service allows people to send money to others using Short Message Service (SMS). Its lower costs, faster speed and convenience compared with traditional transfer services have strong appeal to users in developing markets, and most services signed up several million users within their first year. However, challenges do exist in both regulatory and operational risks. Because of the fast growth of mobile money transfer, regulators in many markets are piling in to investigate the impact on consumer costs, security, fraud and money laundering. On the operational side, market conditions vary, as do the local resources of service providers, so providers need different market strategies when entering a new territory.
na áfrica, o sistema [bancário] de transações eletrônicas está na idade da pedra quando comparado ao brasil; é possível fazer transferências bancárias sim, mas apenas entre uma parcela ínfima da população, e a custos que tornam a coisa inviável para quase todo mundo. solução? deposite dinheiro na sua conta celular e use-o como se moeda fosse; e é. zebra [quase] zero.
dos quinze milhões de celulares do quênia, metade está registrada no sistema m-PESA, o que resulta em 250.000 transações por dia, de R$70 cada, na média. no quênia e em outros países africanos, os serviços financeiros móveis estão avançando rapidamente e os ladrões e golpistas de todos os tipos estão, também, fazendo a festa. o que leva os operadores de cartões de crédito a pensar em novos serviços, com custos de transação muito menores, para chegar a tais populações.
pra gente saber o tamanho das operações, o quênia tinha 15.000 celulares há dez anos; hoje, tem 17.5 milhões. o serviço m-PESA, da safariCOM, cresceu 94% de 2008 para 2009 e já representa 18% de toda a receita da companhia.
no brasil, temos mais de dez mil lotéricas em cerca de 3500 das 5500]cidades, 15 mil agências bancárias [eram quase 20 mil em 1990], algo ao redor de 200 mil caixas eletrônicos [somando todos os bancos] e os custos de transação para movimentação financeira, comparados à áfrica, são pequenos. dito isto [o que não é pouco…], temos 45 milhões de desbancarizados, pessoas que não têm nenhum negócio, produto ou contato com um banco.
em tese, portanto, o gartner está certo e há um mercado de vários “quênias” pra se atender aqui, inclusive. a pergunta, óbvia, é: cadê os serviços [como m-PESA] que deveriam estar aqui mas não estão?…
o leitor pode escolher suas respostas prediletas. o blog deixa como sugestão pesquisar nos departamentos de… excesso de regulamentação e custo brasil, impedimentos quase que permanentes para que se faça qualquer coisa de novo por aqui… e, do outro lado, tentar entender se nossas operadoras móveis realmentesofrem de falta de criatividade e estratégia, inovação e investimento, sentadas que estão nos berços esplêndidos de seus quase monopólios.
e ainda resta perguntar se o regulador do setor, a anatel, não está muito distante dos problemas reais do mercado e seus usuários [neste caso, dos não usuários] e já não deveria ter proposto, há tempos, serviços como os que qualquer queniano pode ter há anos.
quase que certamente, estamos tratando da combinação dos três fatores. e ainda temos que lamentar que não é só nas corridas de longa distância que os quenianos nos deixam lá atrás, na poeira…