RETRATO SOCIAL

Manhã como outra qualquer. No rádio, a CBN falava sobre o temor da inflação e sobre a visita do Presidente Lula à Pernambuco, como quase todos os outros jornais. O Presidente, inflamado, reclamava que os EUA não sabe resolver os seus problemas e acaba afetando o resto do mundo. Mas, apesar disto, a verdade é que a economia do país nunca esteve tão otimista mesmo.

Manhã como outra qualquer. O Brasil nunca teve tantos empregos de carteira assinada como este ano. No final do ano passado, o índice de miséria da FGV atingiu o nível mais baixo desde 1992. Uma pesquisa do CNT/Sensus divulgada em fevereiro também mostra bastante otimismo com os indicadores sociais, de distribuição de renda, saúde, educação e segurança pública.

Manhã aparentemente como outro qualquer. Na véspera, falava-se sobre uma pesquisa da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura, que indica Recife como a cidade mais violenta do país. Na véspera, por volta de 19hs da noite, a tabeliã Anna Clotilde Martiniano, foi baleada numa tentativa de assalto, em pleno engarrafamento de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Segundo testemunhas, ela não reagiu ao assalto. O assaltante também não levou nada.

Assim, o otimismo se depara com uma realidade violenta e severa. Assim como eu [editor deste blog popular] me deparei hoje [numa manhã como outra qualquer] numa situação parecida com a da Anna Martiniano. As batidas no vidro do carro, o engarrafamento, a abordagem dos bandidos… Bandidos… meninos de 14 ou 15 anos! Onde eles deveriam estar às 07hs da manhã, de uma manhã como outra qualquer? Nas estatísticas de violência é que não deveria ser…
Mas a experiência de quem estava sendo assaltado pela quinta vez desta mesma forma deu a tranquilidade suficiente para travar as portas do carro e observar que os garotos não estavam armados. Desta vez, tudo acabou bem.

Mas o que essa discussão tem a ver com o blog?
Depois do susto vem a revolta, e as dúvidas… Por que fazer tantos planos para um longo prazo, que não temos a certeza que iremos atingir? Por que ser tão otimista com a melhora da economia e dos indicadores sociais, se não sabemos se provaremos dos seus benefícios? Por que abrir mão de esbanjar no presente, em benefício de um futuro que pode não chegar, para nós?

Enquanto o meu “plano de independência financeira” mostra números fantásticos e animadores, a lista dos últimos “acontecimentos recentes” do CITIX só reportam assaltos e assassinatos pelas ruas da cidade.

A resposta que me encontro é única: fazer planos de longo prazo nos dá vontade e motivação para querer chegar lá. Ignorar o futuro, é abrir mão também do presente e dos nossos ideais… é desistir da vida.

Este post é apenas um desabafo de um cidadão que, como outro qualquer, não aguenta mais, mas sabe que numa manhã como outra qualquer haverá a sexta vez. Mesmo assim, continua otimista, curtindo o presente e fazendo planos para o futuro.

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