Por que não investir em fundos de investimento

Por que não investir em fundos de investimentoO título do artigo pode parecer polêmico (e é!), mas o intuito é chamar a atenção, assim como foi feito nos artigos “Por que não investir na Vale e na Petrobras” e “Vale a pena seguir a carteira recomendada das corretoras?“, pois muitas vezes não analisamos detalhes muito importantes e seguimos cegamente a recomendação/sugestão alheia.

Investir em fundos de investimento é um ótimo meio de começar a interagir com o mercado (tanto de ações quanto de títulos públicos), mas é fundamental observar as taxas cobradas pelos gestores dos fundos. Quanto menor o risco do fundo (renda fixa), menor deveria ser a taxa de administração cobrada, por exemplo. E quanto mais arriscado o fundo (renda variável), mais os ganhos do gestor deveriam estar atrelados à performance do fundo.

O objetivo deste artigo é abordar a relação entre as taxas cobradas pelos fundos de investimento e o risco/retorno de cada um deles, dando ênfase ao que seriam taxas razoáveis para alguns tipos de fundos.

Fundos de investimento em renda fixa

Os fundos que investem em ativos de renda fixa via de regra são de baixo risco. Por serem de baixo risco e não apresentarem rendimentos voláteis (boa parte dos fundos de renda fixa tem rentabilidades parecidas), não há muito o que se falar em taxa de performance para esses fundos.

Além disso, como o investimento em títulos públicos está cada vez mais em destaque, acessível ao público e com baixas taxas, também não deveria ser justo a cobrança de taxas de administração superiores a 1% ao ano. A combinação “baixo risco + títulos acessíveis + baixo custo de investimento” não dá margem a taxas acima desse limite.

Entretanto vemos – inadmissivelmente – fundos que cobram taxas acima de 3% ao ano! Não faz sentido algum investir em fundos assim. Basta observar a taxa de administração dos fundos de renda fixa dos bancos onde o investimento inicial é baixo (até R$ 1.000,00) que verá alguns exemplos.

A grande vantagem desses fundos é a liquidez (possibilidade de resgate quase que imediato) e a comodidade (não precisar se preocupar em comprar e vender títulos). E é por isso que os gestores devem cobrar taxas de administração, contanto que sejam razoáveis.

Fundos de investimento multimercados

Esses fundos possuem riscos maiores, portanto há uma necessidade maior de gestão sobre eles. Por ter risco maior, é esperado que o retorno também seja maior. Para tanto, o gestor do fundo deve ser remunerado caso ele alcance (ou até mesmo supere) seus objetivos. É aí onde entra a taxa de performance.

Mesmo com algumas limitações (fundos multimercados só podem ter até 49% do patrimônio em renda variável, exceto em casos que o regulamento deixe explícito o contrário), é possível ter rentabilidades bem acima de fundos de renda fixa e até com alguma diferença dos demais fundos multimercados. Isso significa que a habilidade do gestor em escolher os ativos pode determinar o êxito (ou fracasso) no resultado. Assim faz sentido existir uma taxa de performance combinada com a taxa de administração.

Entretanto o benchmark (índice para comparar a rentabilidade) deve ser relacionado com renda fixa, já que o maior percentual do fundo está nesses ativos. Assim, o que superar um índice razoável para renda fixa (inflação + 7%, por exemplo) deve ser recompensado.

Taxas razoáveis para esses fundos, na minha opinião, seriam administração até 1,5% a.a. e performance até 20% sobre o que superar a inflação + 7% a.a..

Fundos de investimento em ações

Os fundos que investem em ações, sobretudo os livres, possuem risco muito alto. Por isso, a rentabilidade esperada deve ser ainda maior e o desempenho está diretamente relacionado à capacidade dos gestores. Administrar esses fundos é muito mais complexo e um bom desempenho merece ser recompensado.

No entanto, muitos fundos de ações cobram taxas de administração altíssimas (até 4% ao ano) e não possuem desempenho muito diferente do Ibovespa (principal benchmark para esses fundos), por exemplo. É isso que deve ser evitado. Para conseguir um desempenho similar ao Ibovespa, é muito melhor investir num fundo ETF que acompanhe o índice e pagar apenas 0,69% a.a. como taxa de administração.

Na minha opinião, a taxa de administração não pode ser alta, mas a taxa de performance, sim. Acho razoável taxa de administração até 2% ao ano e taxa de performance de 25% sobre o que superar o Ibovespa (com compensação em períodos negativos).

Assim você só paga muito ao fundo se o desempenho for muito acima do Ibovespa. E isso é justo. O que não é justo é pagar taxa de administração alta, mesmo sem desempenho diferenciado.

Conclusão

A taxa de administração deve ser proporcional à complexidade em administrar o fundo, mas não deve ser abusiva. A taxa de performance é muito justa quando utilizada sobre o benchmark coerente.

Se um fundo multimercado ou de ações não cobra taxa de performance, mas cobra taxa de administração muito alta, desconfie. É muito provável que ele não acredite no próprio desempenho e queira ganhar sem risco. Afinal a taxa de administração é retirada mesmo que o desempenho do fundo seja negativo!

Por fim, gosto sempre de recomendar os artigos “Monte seu fundo referenciado DI através do Tesouro Direto” e “5 premissas para montar sua própria carteira de ações“, pois com alguma dedicação é possível montar uma ótima carteira e até copiar fundos de sucesso com poucos cliques.

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