5 dicas para investidores pessimistas

Conheci, através de um artigo do Portal Exame, o excelente Money Watch (todo em inglês), site sobre finanças e investimentos. Além das seções sobre aposentadoria, poupanças e gastos e investimentos, há também uma vasta lista de blogueiros. Cada um deles trata de um assunto específico, como carros, gerenciamento de carreira, investimentos em ações, e um que eu gostei muito foi Allan Roth, autor do blog The Irrational Investor (O investidor irracional).

Apesar de alguns artigos não serem tão úteis para nós, por estarem adequados à realidade do mercado norte-americano, existem muitas outras lições que podemos aproveitar. Um desses artigos é “5 Money Rules for Pessimists” (algo como “5 regras financeiras para pessimistas”). Achei interessante e resolvi escrever sobre esse assunto justamente porque ele explica uma das poucas vantagens que os pessimistas tem em relação aos otimistas: eles gerenciam melhor suas finanças.

A principal explicação para essa afirmação é que, como os pessimistas se preocupam muito mais que os otimistas, eles tendem a poupar mais dinheiro. A vantagem em ser mais cauteloso também foi mostrada num estudo feito com otimistas e pessimistas em relação a tendências de comportamento nas apostas em jogos (apesar de alguns investidores em ações discordarem, tem sim uma semelhança com esse mercado).

Esse estudo mostrou que os pessimistas tendem a apostar menos e esperar menos quando o jogo não está a seu favor, fazendo com que percam menos. Já os otimistas, mesmo em situações desfavoráveis, continuam acreditando que é possível ganhar, levando-os a perderem mais.

Entretanto é importante saber que, apesar desse comportamento se traduzir numa carteira de investimentos mais estável, investimentos livres de risco nem sempre serão melhores que investimentos mais arriscados. Confira as cinco regras que podem ajudá-lo:

1) Controle seu medo

Há um princípio básico conhecido como “aversão a perdas“, que influencia nossas decisões financeiras: o êxtase que sentimos quando ganhamos não é tão poderoso quanto a decepção que percebemos quando perdemos. Esse fenômeno é ainda mais exacerbado nos pessimistas.

Os pessimistas precisam enxergar o risco como um custo nos investimentos, para entender que as perdas em mercados mais arriscados se traduzem em aprendizado e que os ganhos nessas aplicações geralmente superam ganhos em investimentos de baixo risco. No longo prazo (30 anos, por exemplo), é muito mais provável que investimentos em ações sejam mais lucrativos que títulos públicos.

2) Permita-se gastar

O medo de não ter poupado dinheiro suficiente para a aposentadoria faz com que muitas pessoas (sobretudo as pessimistas) se privem de gastar e até percam a noção de valor das coisas, achando tudo caro, como comentei no artigo “Como gastar dinheiro“. É óbvio que quanto mais pouparmos, mais teremos quando formos mais velhos. Em compensação, também é óbvio que uma pessoa de 80 anos não tem mais o mesmo vigor de uma pessoa de 50. Será que vale a pena esperar tanto para começar a gastar?

Uma sugestão bem interessante é criar uma conta (poupança, por exemplo) separada para colocar o dinheiro para gastos. Isso elimina (ou, pelo menos, diminui) a desconfortável sensação de estar gastando um dinheiro que você contaria para o futuro.

3) Compartilhe suas decisões financeiras

O ideal é conversar com pessoas neutras e equilibradas do ponto de vista financeiro (nem pessimistas como você nem otimistas demais). Algumas opiniões vindas de pessoas que você admira podem mudar seu jeito de pensar nas tomadas de decisões financeiras. Não há uma regra sobre que seria essa pessoa, podendo ser sua esposa (ou marido), filhos, amigos ou até mesmo um consultor financeiro.

4) Avalie sua real necessidade na contratação de seguros

Pessimistas tendem a se precaver demais na contratação de seguros, pagando a mais por cláusulas que dificilmente serão utilizadas ou supervalorizando o valor do prêmio a ser pago. Quando contratar um seguro para seu carro, não se preocupe em pagar a mais para receber um valor muito maior do que realmente vale seu carro, pois a chance de você utilizar seu seguro é mínima. Essa regra vale também para seguros de vida. Preocupe-se em contratar um seguro que garanta um rendimento que banque adequadamente as necessidades de seus dependentes. Nada além disso.

Outro ponto para tomar cuidado é quanto a sempre pagar a mais por garantias estendidas dos produtos comprados. Na grande maioria das vezes, é perda de dinheiro. Se você contar quanto você já se beneficiou dessa garantia estendida e comparar com quanto já gastou na contratação delas, vai levar um susto!

5) Não acompanhe diariamente seus investimentos

A maioria das pessoas, assim que começa a investir, tende a acompanhar sua carteira de investimentos diariamente, atualizando planilhas com cotas diárias, fazendo projeções e gastando um precioso tempo. No início isso é até normal, pois advém da ansiedade. Eu mesmo já passei por isso. O que não pode acontecer é isso persistir para vida toda.

Esse comportamento é particularmente mais danoso quando se trata de fundo de investimento em ações, por exemplo. Como o foco desse investimento deve ser de longo prazo, é muito normal acontecer oscilações grandes nas cotas desses fundos. A combinação pessimismo + monitoramento diário do mercado de ações é explosiva!

Conheço pessoalmente muitas pessoas que venderam suas participações em fundos de ações logo após a crise de 2008 e disseram que nunca mais investiriam em ações. Veja o que elas perderam em 2009 e tire suas próprias conclusões, perguntando a si mesmo: o que geralmente acontece com o mercado um ou dois anos após uma grande crise: fica mais valorizado ou desvalorizado?

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