SETE PASSOS PARA ESCOLHER UM FUNDO DE AÇÕES

Em momentos marcados pela volatilidade na Bolsa de Valores de São Paulo, como foi o segundo semestre de 2007 e como promete ser pelo menos parte deste ano, é muito confortável para o investidor contar com a gestão profissional dos fundos de ações — a forma mais prática e que exige menos acompanhamento. Para quem não tem tempo de seguir as notícias relacionadas às empresas e aos setores que compõem uma carteira, a alternativa é deixar que um gestor cuide desse trabalho. Essa, por sinal, é a regra no Brasil. Para cada pessoa física que aplica diretamente na Bovespa, há mais de cinco que investem em fundos de ações. O importante é saber escolher entre os mais de 800 fundos existentes. A seguir, um passo-a-passo para facilitar essa tarefa.

1 – Entenda os diferentes tipos de fundo
Embora exista uma dezena de tipos diferentes de fundo de ações, eles podem ser divididos em duas famílias: os fundos ativos, nos quais o gestor persegue um retorno acima do Ibovespa, e os passivos, nos quais o compromisso é apenas repetir o resultado do Ibovespa ou do IBRX, por exemplo. “Em momentos de volatilidade como o que vivemos, o melhor é confiar sua aplicação a uma gestão ativa”, diz Fábio Spínola, sócio da Quest Investimentos. A razão é simples: caberá ao gestor buscar os melhores resultados, mudando a estratégia do fundo e a carteira, se for necessário. Quem ficar num passivo vai subir e descer ao sabor da volatilidade.

2 – Análise o desempenho passado
Nos fundos de gestão ativa, as rentabilidades podem variar muito. Por isso, é importante fazer uma análise do histórico. “Nessa avaliação, não adianta olhar apenas o desempenho dos últimos cinco anos, já que nesse caso bons períodos vão mascarar os intervalos ruins”, afirma William Eid, professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. “O ideal é estabelecer períodos menores, de seis meses ou um ano.” Serão mais recomendados os fundos que obtiverem mais constância no desempenho. Também é crucial examinar a capacidade do gestor de superar as adversidades. Por isso, vale a pena checar o comportamento do fundo em momentos de crise — como em julho do ano passado, quando a bolsa sofreu um período de turbulência e o Ibovespa fechou em -0,3%.

3 – Observe a estratégia de gestão
Conhecer quem são os gestores e certificar-se da confiabilidade da instituição são procedimentos mais importantes do que se pode imaginar. “Olhar apenas a rentabilidade de um fundo não é suficiente”, diz Rodrigo Menon, economista da consultoria financeira Beta Advisors, de São Paulo. Vale a pena analisar se o fundo tem sido fiel à estratégia assumida inicialmente. “Um fundo que muda constantemente a carteira é também mais volátil”, diz Eid, do Centro de Estudos em Finanças da FGV. No site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), www.cvm.gov.br, é possível ter acesso a todas as carteiras, com uma defasagem de três meses. Para obter uma informação mais atualizada, o investidor precisará consultar o site da instituição em que fez a aplicação.

4 – Compare o patrimônio e o número de cotistas
Evite os fundos com poucos cotistas ou com patrimônio muito pequeno. A razão é simples: num fundo pequeno, a saída de um grande cotista, ainda mais se ocorrer num momento de crise, pode trazer grandes prejuízos para quem fica. Melhor aplicar em fundos consolidados, com patrimônio bastante pulverizado. Busque os dados sobre o patrimônio e o número de cotistas dos fundos, que estão no site da CVM.

5 – Calcule os riscos
Quem aplica em fundos de investimento normalmente escolhe essa modalidade porque quer distância de risco. Acontece que isso é impossível. O que se pode, isso sim, é minimizá-lo. Como? Comece entendendo bem quais riscos estão embutidos no fundo. “Atualmente, há uma grande preocupação dos agentes financeiros em tornar claro para o cliente qual é o risco de cada um dos fundos”, afirma Marcos Villanova, superintendente executivo do Bradesco. Um risco que pode ou não fazer parte da estratégia de um fundo é o de alavancagem — quando o gestor opta por operar com valores acima do patrimônio. Com isso, potencializa as chances de retorno, mas também aumenta os riscos: em caso de uma crise séria, o investidor pode perder todo o seu dinheiro e até ser chamado para cobrir um eventual rombo. Portanto, entre dois fundos com o mesmo desempenho, opte pelo que não opera alavancado. Para saber se a alavancagem faz parte da estratégia do fundo, basta ler seu prospecto. Outro ponto é a diversificação. Os fundos com carteiras menos diversificadas são mais sensíveis a perdas no caso de uma das ações apresentar queda expressiva. Há quem vá ainda mais longe em termos de diversificação. “A aplicação deve ser dividida entre três e quatro fundos, de diferentes estratégias, em pelo menos duas instituições”, diz Sergio Correia, economista da consultoria LLA Investimentos.

6 – Compare os custos dos fundos
Há dois custos embutidos em todos os tipos de fundo de ações: a taxa de administração e a de performance. As duas têm seus valores diluídos nas cotas, ou seja, já estão descontadas no preço da ação. No caso da taxa de performance, não há muito como economizar, já que o valor está fixado, variando apenas o índice de referência utilizado no cálculo. Já a taxa de administração pode variar de 2% a 4,5%. Só que, nesse caso, a regra do “mais barato, melhor” nem sempre faz sentido. É que um fundo pode ter taxa de administração mais alta e retorno também maior. Um fundo mais caro e mais rentável vale a pena, porque a taxa aquié apenas a remuneração pelo bom serviço prestado pelo gestor. Essa lógica só vale para fundos ativos. Nos passivos, taxa menor é sinônimo de maior retorno.

7 – Análise as regras de liquidez
É comum ouvir que aplicação em bolsa é um investimento de longo prazo. Ainda assim, vale a pena verificar as regras de resgate do fundo antes de fechar a aplicação. A maioria dos fundos de ações é D3 ou D4 (ou seja, o resgate acontece três ou quatro dias após a solicitação), mas ainda há produtos no mercado com prazo de 30 dias para resgate (D30) e até fundos com carência (ou seja, o investidor não pode sacar nos primeiros 30 dias). “Isso ganha importância no caso de um imprevisto, quando é preciso sacar o dinheiro com urgência e o aplicador se dá conta de que vai precisar esperar até um mês para ver seu dinheiro”, diz Sergio Correia, da LLA.

Fonte: Revista Exame

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